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Decisão judicial pode colocar um ponto final na história do Bar do Rock

O estabelecimento reúne os roqueiros do Gama há 8 anos e corre risco de fechar

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1 de 1 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Referência da cena underground na cidade, o Bar do Rock está prestes a ser despejado. Ironicamente, o ponto onde funciona o reduto de roqueiros já foi um posto da Polícia Militar. Por isso, não se enquadra no perfil de quiosques ou similares, o que dificulta sua regularização. O Ministério Público determinou a reintegração do estabelecimento à Administração Regional do Gama em um prazo de 30 dias, que venceu em 16 de outubro.

Enquanto o trator da Agência de Fiscalização (Agefis) não coloca as paredes revestidas de cerâmica encardida abaixo, Hélio Menezes, 49 anos, continua servindo doses de rock n´roll regadas a bebidas alcoólicas a seu público fiel. Ele afirma que não costuma desrespeitar ordens judiciais. Mas o apelo dos frequentadores tem encorajado o servidor público a lutar contra a derrubada do espaço. “As pessoas não querem que o bar feche. Elas me ligam e entram na minha página na internet”, explica.

A história do Bar do Rock começou há oito anos. Amante do gênero musical e membro de um motoclube, Hélio não tinha mais gás para percorrer longas distâncias em busca de lugares de encontro de motociclistas. Então, com o apoio da mulher, Soliane Menezes, 43, decidiu adquirir o ponto para promover a reunião de amantes dos veículos de duas rodas.

 

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Alex Podrão, do Detrito Federal (á esquerda)
Banda Skatugula: uma das atrações do bar
A irreverente Lúpulo & Cereais Não Maltados
Um dos poucos bares do DF que tocam disco de vinil
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Os donos Hélio Menezes e Soliane Menezes

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Alex Podrão, do Detrito Federal (á esquerda)

Malu Silva/Album
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Banda Skatugula: uma das atrações do bar

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A irreverente Lúpulo & Cereais Não Maltados

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Um dos poucos bares do DF que tocam disco de vinil

Malu Silva/Album

Para atrair os motociclistas, Hélio oferecia música em alto e bom som em seu toca CD antigo. Com o sucesso do point, decidiu incrementar o ambiente e dar vida aos acordes de Jimi Hendrix, Jimmy Page, Angus Young com a apresentação de bandas covers. A agenda de shows no bar chegava a contar com até três apresentações na semana.

A rotina de bandas fez com que o recinto de aparência tosca perdesse o título de bar dos motoqueiros – “motoqueiros, não. Motociclistas”, adverte Hélio – para se tornar o Bar do Rock. A mudança de nomenclatura fez com que o ambiente situado na Praça do Cine Itapoã ganhasse uma placa com a inscrição.

Renato Oliveira mora na Asa Norte mas continua indo ao Bar do Rock

A notícia de que o Bar do Rock pode estar perto do fim comoveu os roqueiros. Mesmo morando na 210 Norte, Renato Oliveira, 34, que já residiu no Gama, não se ausentou de lá. “É um lugar de encontro de amigos. Se fechar, o Gama vai virar uma cidade dormitório”, lamenta o enfermeiro.

Otimista, a psicopedagoga Daniela Rodrigues, 35, acredita em uma saída para a situação. “Não vai fechar. Pode acreditar nisso”, diz a moradora da Ponte Alta Norte, setor pertencente à região administrativa.

Se a decisão da Justiça for irrevogável, o Bar do Rock ficará vivo apenas na memória de cada frequentador. Para Daniele, a marca é a música tocada lá. “O rock aqui não para”, diz a sorridente moradora.

Malu Silva garante que todos os frequentadores são amigos

Já a servidora pública Malu Silva, 50, a maior característica do estabelecimento é o poder de reunir pessoas cultas em um mesmo ambiente. “Aqui é uma irmandade. Todo mundo se conhece”, destaca.

Se fosse escolher um dia nesses oito anos à frente do Bar do Rock, Hélio não titubearia: “Foi ver minha banda preferida na adolescência tocando aqui: o Detrito Federal. Os caras se apresentaram em cima de um tapete estendido no gramado em frente ao bar. Foi do c…”, resume. E termina com um último apelo: “Pago taxa de ocupação de área pública. Por que não posso trabalhar?”

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