Campanha arrecada livros e faz batalha de poesias com presas da Colmeia
Doações para internas do presídio podem ser feitas até segunda-feira (21/9)
atualizado
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Na próxima terça-feira (22/9), uma batalha de poesias tomará conta da Colmeia, a Penitenciária Feminina do Distrito Federal. No dia, também serão doados livros em prosa e verso – ficção, não-ficção e poesia – que estão sendo arrecadados pelo Projeto Asas, da Secretaria de Cultura do DF (Secult), em parceria com o movimento Slam das Minas.
A atriz e poetisa Meimei Bastos, de 24 anos, é uma das que visitarão o presídio. Moradora de Samambaia, ela explica que o slam é uma batalha de poesias de origem periférica. “Mas não é uma batalha contra, é uma batalha junto. Da forma como eu vejo, essa é uma forma de fortalecer as mulheres que estão ali dentro. Por mais que elas estejam na condição de encarceradas, como se o Estado quisesse esquecê-las, quando você leva um livro, uma poesia, você liberta não só o indivíduo, você liberta a mente.”
Na opinião de Meimei, a atividade é uma maneira de dar visibilidade ao que acontece na Colmeia. “Não que eu saiba ou sinta na pele como é. Mas participar do slam dentro de uma penitenciária, para mim, é muito especial. São as mulheres da minha quebrada que estão lá. São minhas amigas de infância, minhas parceiras”, conta.
Segundo a coordenadora da iniciativa, a subsecretaria de Cidadania e Diversidade Cultural da Secult, Jaqueline Fernandes, havia um receio inicial de que o projeto enfrentaria resistência entre as mulheres em situação prisional. Ela afirma, entretanto, que as quatro primeiras edições do projeto provaram o contrário.
“Acho que as idas têm funcionado como um estímulo, sempre. Isso fica nítido nos depoimentos delas, na troca, na generosidade de participação em todas as atividades”, conta Jaqueline. “Não é um projeto de inclusão cultural, como dizem, porque a gente tem consciência de que todas as pessoas produzem cultura e de que, na penitenciária, existem muitas mulheres artistas. Nós queremos levar momentos de entretenimento e troca cultural.”
De acordo com a subsecretaria, esta fase do projeto ainda é uma versão piloto. No futuro, a intenção é estruturar um programa de capacitação profissional nas áreas de cultura, economia criativa e acessibilidade cultural.
“Acho que a arte, ali, tem um significado mais profundo de transformação. É uma realidade muito pesada. São mais de 700 internas em uma penitenciária que tem capacidade para metade disso”, diz Jaqueline. Em dezembro, a ideia é encerrar a fase piloto da iniciativa com uma apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, para todas as mulheres da Colmeia.
Serviço
Doação de livros à Colmeia – Penitenciária Feminina do DF
O quê? Livros diversos, com preferência para romance e poesia
Prazo: Segunda-feira (21/9)
Pontos de entrega: É possível deixar os livros na Secretaria de Cultura (Teatro Nacional) ou com alguma das organizadoras.
Contato: 8216-7310