Amor por Ceilândia em camisetas e bonés
Grupos e artistas que valorizam a cultura e a história da cidade produzem moda e mostram orgulho pela RA
atualizado
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Quem não é de Ceilândia normalmente associa a cidade à violência. Mas para quem nasceu e mora lá, a RA representa cultura e espírito comunitário. O orgulho de ser ceilandense está declarado nas letras dos raps, no cinema e, agora, também, nas roupas. Há dois anos, surgiram marcas de moda que têm Ceilândia como inspiração.
Bonés e camisetas estampam o amor dos moradores pela cidade. Na maioria das coleções, o corte das roupas e o estilo dos acessórios são inspirados na cultura do hip hop e nos times de basquete americanos. O rapper Japão, por exemplo, criou uma loja há quatro anos para divulgar o trabalho do seu grupo Viela 17.
No ano passado, resolveu aumentar o leque de temas e colocou Ceilândia como protagonista das coleções criadas por ele mesmo. Nesse curto período de tempo, vendeu 800 unidades de bonés e camisetas. Em um primeiro momento, comercializava pessoalmente. No próximo mês será licenciada para a Hilms Bonés, loja presente em quatro shoppings do DF.
Valorização
Além de valorizar a própria cidade, ele também teve a preocupação de fomentar a economia local: as peças são produzidas em Ceilândia.
É importante legitimar a cultura daqui. E as roupas são a prova que o ceilandense tem orgulho de onde veio.
Daniela Mara, produtora do Japão
E foi esse amor pela cidade mais populosa do DF que Max Maciel e outros colegas, todos integrantes da Rede Urbana de Ações Socioculturais (Ruas) e do grupo Jovem de Expressão, também decidiram produzir camisetas e bonés homenageando Ceilândia. As primeiras peças com a estampa I Love Cei foram produzidas em 2010: 15 camisetas apenas para o grupo.
A ideia fez sucesso. Virou assinatura de e-mail, de documentos, viralizou e chamou a atenção dos admiradores de Ceilândia. Desde 2013, então, a produção de bonés e camisetas começou para o público em geral.
Exclusivas
Em cada produção são apenas 50 produtos. As camisetas são feitas em uma oficina de serigrafia da cidade e os bonés no Paraná. A arte estampada é sempre com algum ponto de referência de Ceilândia. “A arte não se repete. São peças exclusivas. Ainda não temos o desenho para os próximos produtos. Estamos aceitando sugestões, caso alguém tenha interesse em fazer”, sugere Max, 32 anos, morador de Ceilândia e filho de um pioneiro.
“Havia uma negativa de como as pessoas nos olhavam. Há um medo de vir a Ceilândia pelo histórico. Mas a cidade não é violenta. Ela tem violência. Diante disso, pensamos na forma de resgatar e incentivar as pessoas a terem orgulho daqui, pois quem tem orgulho e pertencimento, cuida, valoriza e quebra os paradigmas”, destaca Max.
Serviço
- Os produtos da Ruas são vendidos na sede do programa Jovem de Expressão, na EQNM 18/20, Ceilândia Norte, Praça do Cidadão.
- As peças do Viela17 estão sendo comercializadas na Hilms Bonés, no Taguatinga Shopping e no JK Shopping.