Moradores de Águas Claras vivem em prédio mofado há três anos
Ao menos seis famílias do edifício Piazza Di Itália têm problemas em um dos cômodos. Até hoje, construtora não providenciou reparo
atualizado
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O sonho do imóvel próprio se transformou em pesadelo para o casal Tatiana e Silvio Bizzo, donos de um apartamento no edifício Piazza Di Itália, na Rua 9 Sul, em Águas Claras. Inaugurado em 2012, o edifício logo começou a apresentar problemas. Há três anos, infiltrações e mofos em um dos quartos da residência tiram o sono da família. No grupo do condomínio no WhatsApp, ao menos outros cinco vizinhos relataram ter problema idêntico.
O processo corre na Justiça, mas não foi nem sequer julgado em primeira instância. Em todos esses anos, a construtora realizou três reparos no apartamento, mas o problema não foi resolvido. “É sempre na tentativa e erro. Não sabem de onde vem nem como consertar . Não queremos viver em um apartamento em obras”, reforça a moradora.A bancária relata que a paz durou até o começo de 2014, quando o apartamento de quatro quartos passou a apresentar problemas de infiltração e goteiras. As chuvas abalaram definitivamente o investimento de R$ 499 mil. “Processamos a empresa em 2014. Solicitamos que eles trocassem o imóvel ou devolvessem o dinheiro. Pedimos também que alugassem um apartamento para ficarmos enquanto fosse resolvido, mas em vão”, explica Tatiana.
“Quarto do pântano”
O quarto inabitável se transformou em depósito de roupas. O casal Tatiana e Silvio dorme em um cômodo de solteiro, uma vez que eles não podem ocupar o local prejudicado. Ainda assim, Tatiana guarda suas roupas e utiliza o banheiro do quarto. “Sou alérgica, já tive crises asmáticas e precisei de dois atestados em 2017. Mesmo não dormindo no quarto, é muito prejudicial.”
Filha do casal, Giovanna, de apenas 6 anos, apelidou o espaço de “quarto do pântano” devido aos enormes mofos na parede. O incômodo atinge também a enteada de Tatiana e outros parentes que frequentam a casa.
A frustração é imensa. Me sinto desrespeitada. A lei costuma estar ao nosso lado e o Código de Defesa do Consumidor também. E quando acontece algo assim, não conseguimos exercer nossos direitos
Tatiana Bizzo
Reclamações
Procurada pelo Metrópoles, a construtora responsável pelo condomínio, a Ipê Omni, não havia respondido as demandas da reportagem até a última atualização desta matéria. No entanto, entrou em contato com a moradora e informou que voltará a ligar na segunda-feira (20).
No Google, é possível encontrar outras reclamações sobre a construtora. Tanto que a função de autocompletar com pesquisas relacionadas indicam o termo “ipê omni reclamações” como um dos mais procurados pelos usuários.
Defesa do consumidor
Presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), José Geraldo Tardin recomenda que proprietários procurem a construtora antes de acionar a Justiça. “É preciso fazer um dossiê, levantar testemunhas e notificar a empresa. Se após 30 dias não for resolvido o reparo, cabe ação no Procon e na Justiça Comum”, indica.
Casos semelhantes ao de Tatiana levam entre três e quatro anos para serem resolvidos. Geraldo Tardin aponta que os proprietários costumam vencer os processos. “Não há porque não ganhar. O vício é apontado e é preciso fazer o reparo.”
Como proceder em caso de prejuízo com o imóvel:
– O proprietário deve produzir um dossiê e levantar provas do caso. Vale reunir a documentação e fotografar, se possível, o que tem causado o dano;
– É importante reunir duas testemunhas que morem no mesmo prédio ou condomínio;
– Após reunir as provas, notifique a empresa extrajudicialmente. Ela terá um prazo de 30 dias para responder a demanda;
– Não ocorrendo o reparo, acione o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) e a Justiça Comum.
Veja como está o apartamento de Tatiana no edifício Piazza di Itália: