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Aviso em prédio de Águas Claras ensina a lidar com vizinho maconheiro

Após reclamações de forte cheiro vindo de apartamento, síndica do Condomínio Júlia fixou o comunicado nos elevadores

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
Brasília (DF), 10/04/2017 Cenas da CidadeLocal: Águas Claras Foto: Felipe Menezes/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 10/04/2017 Cenas da CidadeLocal: Águas Claras Foto: Felipe Menezes/Metrópoles - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

O condomínio do Residencial Júlia, em Águas Claras, espalhou pelas áreas comuns do prédio e enviou no grupo de WhatsApp dos moradores uma série de orientações sobre como lidar com vizinhos usuários de maconha. O aviso está afixado nos elevadores e murais, e um “lembrete” foi encaminhado à 1h30 da manhã em uma lista de transmissão para os condôminos.

O comunicado foi motivado por recorrentes reclamações do “cheiro forte” provocado pelo uso de maconha em pelo menos um dos apartamentos. No documento, o residencial aconselha que a primeira opção deve ser a negociação e a conversa, para tentar resolver o problema. “O síndico deve procurar o morador em um momento propício e alertá-lo sobre as regras do local, lembrando-o sempre de que está sujeito a multa”, diz o texto.

O manual de como lidar com vizinhos usuários de drogas também instrui que, em casos mais graves, nos quais a conversa não surta efeito ou quando a situação gerar transtorno ou constrangimento, o problema deve ser comunicado à polícia pelo número 181 – o Disque Denúncia. “O síndico não deve se envolver pessoalmente no assunto e, em maneira nenhuma deve adiar a decisão de envolver a polícia em casos extremos.”

“Por essa razão, solicitamos a todos que conversem com seus filhos, parentes e amigos sobre o assunto, para que possam nos ajudar a identificar situações de risco”, conclui o aviso.

 

Moradores com medo
A síndica do Condomínio Júlia, Denise da Silva, disse ao Metrópoles ter copiado o texto de um condomínio em São Paulo que havia distribuído o mesmo comunicado. “Eu pedi para o advogado dar uma olhada, para ver se não era ofensivo para ninguém, ele deu o ok e nós distribuímos. Em dezembro recebi muitas reclamações, mas, para o síndico fazer alguma coisa, é preciso apontar a unidade, e eles [os moradores] não fazem isso porque têm receio”, conta a administradora.

Outro problema apontado por Denise que impede a adoção de medidas para pôr fim ao incômodo causado pelo cheiro da maconha é a dificuldade de conseguir provas. “É difícil até para o síndico dar uma notificação, porque isso pode ser revertido em um processo judicial contra o condomínio. O que a pessoa pode fazer é chamar a Polícia Militar para tentar dar o flagrante”, diz.

Uma moradora do prédio que pediu para não ser identificada diz nunca ter sentido o cheiro do uso da droga. “Só se for em outro andar, mas os apartamentos aqui têm uma peculiaridade: são todos de um quarto, então são mais estudantes e alguns casais que moram aqui. Apesar de o cheiro não chegar ao meu apartamento, é algo que eu acho bem provável de estar acontecendo”, afirma.

De acordo com o porta-voz da Polícia Militar do DF, major Michello Bueno, a polícia só pode entrar em residências em situações específicas, e ainda assim com ressalvas. “A PM só vai entrar se houver flagrante, se a gente vir a pessoa usando [drogas], porque pode caracterizar invasão de domicílio. Sobre ver a questão do odor, às vezes a droga já foi consumida. O policial chega e não acha nada, o que pode reverter toda a situação contra o PM.”

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