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Aprenda a perdoar em 5 passos

Algumas ideias são muito úteis na compreensão do processo de perdão. Compartilho o que aprendi nessa busca

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Como lidar com situações em que pessoas que amamos nos ferem? O que fazer com pessoas que nem conhecemos e que nos atingem profundamente? Como lidar com a sensação que vem depois do machucado? Como seguir adiante com a mágoa, com a sensação de que essa pessoa nos deve algo, com a ideia de termos sido injustiçados, maltratados?

Na caminhada da vida, temos o presente de encontrar pensamentos, reflexões e insights que nos aparecem como mágica – ou à custa de muita terapia, suor e lágrimas. Algumas dessas pérolas podem vir em músicas, sonhos ou na palavra generosa de um desconhecido. Entre esse mosaico de novas idéias e perspectivas, há uma coleção linda que desejo compartilhar e que me foram muito úteis na compreensão do processo de perdão. Vamos a algumas delas:

1. NINGUÉM DÁ O QUE NÃO TEM (AINDA)
Uma pessoa que não recebe amor, atenção e carinho provavelmente terá que fazer um esforço muito maior para se sentir pronta para passar essas mesmas virtudes adiante. É provável que tenha uma tendência natural de repetir padrões de comportamento, podendo tornar-se, ela mesma, um ser um tanto inábil para dar amor, atenção e carinho.

Se uma pessoa não tem algo para dar, como pedir ou exigir que ela consiga fazer algo diferente disso? Não se trata de uma sentença, pois, ainda bem, as pessoas mudam. Diante de desafios, diferentes situações de vida, perspectivas e objetivos, muitos conseguem quebrar os tais padrões e aprender novas formas de se relacionar com o mundo. Agora, pare e pense um minuto: é bastante provável que a pessoa que te magoou não tinha algo para dar diferente daquilo que te deu no momento em que te feriu.

É preciso força, empenho, trabalho, busca incessante por orientação quando queremos nos transformar. Mas nem todo mundo tem esse pique ou, ainda, a oportunidade de repensar suas atitudes. Se fizer uma reflexão, é bem possível que você também tenha machucado alguém num momento impensado, em que estava nervoso, fraco, inconsciente e não se sentiu capaz de agir da melhor maneira.

Isso acontece porque, de fato, ninguém dá o que não tem (ainda…). Nesse caso, fica bem mais fácil perdoar. Porque entendemos que aquela pessoa não teve a consciência e o poder pessoal de agir da melhor maneira naquele momento. Seja de forma premeditada ou não, nada altera a afirmação de que “ninguém dá o que não tem”. Porque, por mais que uma pessoa deliberadamente faça mal a alguém, isso por si só já prova o estado momentâneo de inconsciência em que ela se encontra.

2. NÃO LEVE PARA O LADO PESSOAL

Seguindo essa linha, quando ferimos alguém, é nada mais nada menos do que refletir lá fora como estamos aqui dentro. Só damos o que temos. Se temos raiva, insegurança e medo, reagimos lá fora em total consonância com essa freqüência. Sendo assim, as reações que temos com uma pessoa são reflexo da nossa batalha ou paz interior.

Se alguém nos faz mal, é porque também está mal e não consegue agir de forma elevada naquele momento. Então, ela será assim com várias outras pessoas – é uma relação dela com o mundo. A história, portanto, não é pessoal… é ela com ela mesma, tendo você como espelho naquele momento.

Pense assim: “Não é comigo, isso é ela brigando com o mundo e eu sou apenas a bola da vez. Não vou levar isso para o lado pessoal, então não tem o que perdoar. Preciso mesmo é ter compaixão dessa pessoa que não teve nada diferente daquilo para me dar naquele momento”

Várias circunstâncias nos levam a essa conclusão. Um resumo bastante preciso disso está no segundo compromisso do guerreiro espiritual que repito aqui, ipsis litteris:

“Se você leva tudo para o pessoal é porque concorda com o que está sendo dito. Ao concordar todo o veneno passa a fazer parte de você. O que causa seu próprio envenenamento é o que os toltecas chamam de importância pessoal, expressão máxima do egocentrismo. Nada do que os outros fazem é motivado por você, é por causa deles mesmos. Todas as pessoas vivem em seu próprio sonho, nevoeiro ou mente, inclusive você. Se você aceita o lixo emocional do outro, ele passa a ser seu também. Se você se ofender sua reação será defender suas crenças e criar mais conflitos. Então, se você fica brava comigo, sei que está lidando consigo mesmo. Sou apenas uma desculpa para você se irritar e fingir que não tem medo. Mas na verdade, sua braveza é uma expressão do seu medo. Sem medo não existe motivo para se irritar, brigar ou me odiar. Sem medo, não há motivo para sentir ansiedade, ciúme ou inveja.”

3) O QUE SEU MAGNETO INTERNO ESTÁ ATRAINDO?

Você acha que é coincidência uma pessoa que repete histórias de rejeição uma após a outra? Várias teorias psicológicas e esotéricas pregam exatamente o contrário: as pessoas buscam, inconscientemente, viver histórias parecidas umas com as outras para entender melhor as circunstâncias da dor que experimentou em algum momento passado.

Ninguém, em sã consciência, procura ser abusado emocionalmente. Mas pode se sentir atraído por pessoas com determinadas características que culminam nessa situação de abuso. De alguma maneira, ao entrar em contato com essa sensação, a pessoa procura compreender porque isso acontece, ou quer fazer justiça, ou quer ter nova oportunidade de agir e sair vencedor.

Apesar de profundamente desgastante, esse processo está em ordem. Mas, quanto antes nos dermos conta desse mecanismo inconsciente, mais cedo nos livraremos desse comportamento repetitivo e de toda dor que vem com ele.

Adultos conscientes podem escolher que situações querem viver e estão prontos para definir limites para os demais. Quando um não quer, dois não fazem. Para alguém ser ferido numa relação, precisa estar disposto a ficar nela e a receber o que a outra pessoa tem para oferecer naquele momento.

E como ninguém dá o que não tem e uma pessoa insiste em te ferir, você só continuará a sofrer se decidir permanecer naquela dinâmica de relação e, assim, dar oportunidade para que os ferimentos continuem a ocorrer.

4. SOMOS UM

A minha visão espiritual da vida tem me levado a experienciar, cada vez mais, a noção de que somos um. A ilusão de que estamos separados embaça nossa visão dessa verdade maior. É fato: “Ir a favor da evolução das pessoas, coisas ou situações é ir a favor de ti mesmo”. Assim como “Ir contra a evolução das pessoas, coisas ou situações é ir contra ti mesmo”. A natureza mostra isso.

A sociedade mostra isso de forma nua e crua. Portanto, não há melhor forma de estar nesse planeta do que ser pleno de compaixão e entendimento. Compaixão é se colocar no lugar do outro, compreender o que ele sente, o que o leva a reagir de tal forma, entender que ninguém dá o que não tem (ainda) e não levar suas ofensas para o lado pessoal.

Sendo, assim, fica muito mais fácil perdoar. Ao perdoar e compreender alguém, você reflete isso em toda a Unidade. Gentileza gera gentileza e isso será passado adiante – por você e por quem quer que seja tocado pelo seu exemplo. Em sendo um, faremos bem a todos e a nós mesmos, em todas as instâncias.

5. A GRATIDÃO É A FORMA MAIS ELEVADA DE PERDÃO

Quando olhamos para trás e vemos o quanto aprendemos com tudo que vivemos, conseguimos transcender para além das dores e ressentimentos, usamos as quatro chaves anteriores, e compreendemos a contribuição imensa que tivemos dos irmãos que agiram na inconsciência, proporcionando-nos ricas oportunidades de aprendizado.

Daí em diante, nos sentimos pacificados num novo lugar dentro de nós: um espaço onde tudo é mais leve, posto que compreende e integra toda e qualquer situação como algo fundamental para nossa formação enquanto seres plenos. Ao sermos gratos a tudo que vivemos, consideramos cada experiência como um agente de mudança-movimento-caminhada-aprendizado. Então compreendemos que a gratidão é a forma mais elevada de perdão!

É como canta Gilberto Gil na frase certeira: “Não há o que perdoar, por isso mesmo é que há de haver mais compaixão…”

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