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A expressão “Namastê” reflete um profundo sentimento de humildade

É a completa submissão de um ser ao outro, na melhor e mais elevada acepção da palavra: saúdo o outro sem questionamentos, nem expectativas de respostas específicas

atualizado

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Ghandi
1 de 1 Ghandi - Foto: Daniel Ramirez/Reprodução

A sabedoria implícita na saudação em sânscrito – “Namastê” – é absolutamente bela e profunda: “O Deus que habita o meu coração reverencia e reconhece o Deus que habita o seu coração”. É a completa submissão de um ser ao outro, na melhor e mais elevada acepção da palavra: saúdo o outro sem questionamentos, nem expectativas de respostas específicas.

Quando dita e sentida desde a alma, a expressão “Namastê” reflete um profundo respeito e atitude de humildade diante do outro. Não se trata, no entanto, de um respeito qualquer, que olha pra fora com ares de superioridade e uma arrogante tolerância pelas atitudes “estranhas” dos outros.

A palavra “respeito” vem do latim “respicere”, que quer dizer “olhar de novo ou atentamente; fitar”. Segundo Dulce Magalhães, “respeito vem de um olhar cada vez mais aprofundado sobre o outro. É reconhecer esse Universo que está frente a frente conosco. É uma atenção que deriva da Sabedoria de que cada encontro é uma única chance em sete bilhões que nos é ofertada pela vida”.

É uma atitude de encantamento e alegria pelo processo do outro, uma reverência que nasce na humildade de que nosso ritmo não é superior nem inferior ao do outro – apenas diferente.

Expressar um “Namastê” desde dentro, é estabelecer uma conexão verdadeira entre as pessoas, livre de julgamentos, cobranças e máscaras sociais. É a conexão com a centelha divina que habita todos, reconhecida e reverenciada em nós e nos demais.

Para isso, é necessário atentarmos às defesas do nosso ego infantilizado. A baixa estima, a insegurança e o medo, muitas vezes, nos levam a atitudes de superioridade em relação ao outro – especialmente o próximo mais próximo, seja ele um parente, o parceiro de vida, um amigo ou colega de trabalho. Para nos sentirmos bem conosco mesmos, nos entregamos de forma incauta à maledicência, ao julgamento e à condenação dos nossos semelhantes.

Sentimos e acreditamos que sabemos mais e melhor. Que nossa forma de ser e estar é mais acertada. Que o outro não sabe direito como fazer. Que o resultado de sua ação não é tão proveitoso quanto o nosso. É a sabichona de plantão, ou o dono da verdade colocando as cartas na mesa. Nada mais humano e natural do que esta defesa. É normal agir assim, mas atentemos: como tudo na vida, esta defesa se manifesta para conhecermos melhor a nós mesmos e, em seguida, darmos novo curso a essa energia. Desta vez, de maneira mais profunda e orientada ao amor.

Recentemente tive um sonho, em que me postava nessa atitude de “Namastê” em relação a uma pessoa muito importante de minha vida, com quem – por defesa – ainda me colocava num lugar de superioridade infantil. Eu a via face a face, e me colocava nesta posição, com as mãos sobre o peito em atitude de oração e com a cabeça abaixada em reverência. Fiquei ali, com a cabeça baixa por, pelo menos, dez minutos.

Foi um tempo lindo, que me trazia alívio a cada segundo que passava. Uma alegria inexplicável, uma paz tomou conta do meu corpo e da minha mente, uma admiração pela grandeza do outro, um encontro muito profundo de reverências entre o Deus em mim e o Deus neste ser. A pessoa que faz esta reverência está assegurando à outra que irá além das diferenças e conectar-se-á a ela, colocando-se num lugar absolutamente nivelado.

Foi aí, nesta visão, que encontrei a fonte mais pura do “Namastê” e, desde então, essa palavra tomou um significando absolutamente curativo no meu dia a dia. A qualquer momento em que as inseguranças dão alô e me vejo questionando a atitude de alguém, não nego o que sinto: acolho minha sombra com carinho, me amo, me acalmo e, em seguida, mentalizo a postura de reverência em relação à pessoa em questão. A tranquilidade e uma surpreendente alegria me invadem em instantes, e o sorriso rapidamente se estampa no rosto.

Apenas conseguimos embarcar nesse sentimento quando compreendemos plenamente que julgar e condenar o outro, e muito menos ainda, modificar sua forma de ser, é tão ineficaz quanto contraproducente.

Quando observamos o processo de cada um com profundo respeito e reverência, quando abraçamos o tempo evolutivo de todos os seres com alegria e gratidão, sem nos arrogarmos em intenções de interferências e sentenças, entramos em contato com o Deus em nós, que se embevece a cada encontro com o Deus nos demais.

A vida torna-se um grande palco de reencontros das manifestações divinas em todos os seres da criação.

A cada um que me lê, um lindo e amoroso NAMASTÊ! 😀

(Tempo de leitura: 3 minutos)

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