Vendas do varejo surpreendem e têm alta de 0,7% em julho, diz IBGE
Em relação a julho do ano passado, as vendas do varejo tiveram alta de 2,4%. No acumulado de 12 meses, até julho, o crescimento foi de 1,5%
atualizado
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O volume de vendas do varejo brasileiro surpreendeu positivamente em julho deste ano e registrou crescimento de 0,7%, na comparação mensal, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (15/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em relação a julho do ano passado, as vendas do comércio varejista tiveram alta de 2,4%. No acumulado de 12 meses até julho, a expansão foi de 1,5%.
O desempenho do varejo brasileiro veio acima das expectativas. O consenso Refinitiv, que reúne as principais projeções do mercado, estimava que houvesse crescimento mensal de 0,3%. Já na base anual, a projeção era uma alta de 1,8%.
De acordo com o IBGE, no comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, as vendas recuaram 0,3% em relação a junho.
A média móvel trimestral para o varejo teve alta de 0,1% no trimestre encerrado em julho.
Equilíbrio entre taxas positivas e negativas
O volume de vendas das atividades do comércio varejista mostrou equilíbrio entre taxas negativas e positivas entre junho e julho de 2023, segundo o IBGE.
Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (+11,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (+8,4%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+0,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+0,1%) tiveram altas no período.
Por outro lado, tecidos, vestuário e calçados (-2,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2,6%), móveis e eletrodomésticos (-0,9%) e combustíveis e lubrificantes (-0,1%) recuaram.
5 das 8 atividades tiveram alta na comparação anual
Na comparação com o mesmo período de 2022, houve taxas positivas em equipamentos e material para escritório informática e comunicação (+6,9%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+6,5%); móveis e eletrodomésticos (+3,4%); hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+3%); e tecidos, vestuário e calçados (+1,6%).
Os três setores que tiveram queda foram livros, jornais, revistas e papelaria (-7,3%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-4,9%); e combustíveis e lubrificantes (-2,8%).
Alta de vendas em 14 das 27 unidades da Federação
Segundo o levantamento do IBGE, houve resultados positivos em 14 das 27 unidades da Federação em julho, com destaque Espírito Santo (+3,3%), Paraíba (+2,4%) e Rio Grande do Sul (+2,1%).
Entre as 11 unidades da Federação com queda em julho, destaque para Acre (-2,1%), Alagoas (-1,6%) e Rio Grande do Sul (-1,3%). Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, por sua vez, apresentaram estabilidade (0%).
Na comparação anual, as vendas do varejo subiram em 21 das 27 unidades da Federação.
Análise do mercado
Para o economista-chefe do PicPay, Marco Caruso, um dado auspicioso em relação ao comércio varejista é que “a inadimplência têm começado a cair na ponta”.
“Essas melhores condições de consumo das famílias devem se traduzir em um aumento da demanda e uma consequente expansão do comércio doméstico. Por outro lado, ainda devemos sentir os efeitos defasados da política monetária restritiva”, afirma o economista.
“De modo geral, esse resultado vem após três meses com números próximos de zero e, apesar da melhora no quadro geral, ainda não indica um crescimento consistente”, conclui Caruso.
João Savignon, head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, tem uma avaliação semelhante sobre o desempenho do varejo.
“Para os próximos meses, as perspectivas seguem desafiadoras para o comércio. Dos fatores limitadores, temos o crédito caro e alto endividamento das famílias. Já os fatores que dão suporte ao varejo, se destacam o processo de desinflação, especialmente de alimentos e bens industriais, e o mercado de trabalho apertado”, afirma.