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Vendas do varejo caem 0,2% em agosto, mas recuo é menor que o esperado

Em relação a agosto do ano passado, as vendas do varejo tiveram alta de 2,3%. No acumulado de 12 meses, até agosto, crescimento foi de 1,7%

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1 de 1 Varejo - Foto: Unsplash

O volume de vendas do varejo brasileiro registrou uma queda de 0,2% em agosto deste ano, na comparação mensal, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (18/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação a agosto do ano passado, as vendas do comércio varejista tiveram alta de 2,3%. No acumulado de 12 meses até agosto, a expansão foi de 1,7%.

Apesar do recuo em agosto, o desempenho do varejo brasileiro veio acima das expectativas. O consenso Refinitiv, que reúne as principais projeções do mercado, estimava que houvesse queda mensal de 0,7%. Já na base anual, a projeção era uma alta menor, de apenas 1,2%.

Em julho, as vendas do comércio varejista tiveram crescimento de 0,7% na comparação mensal e de 2,4% na anual.

De acordo com o IBGE, no comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, as vendas recuaram 1,3% em relação a julho.

A média móvel trimestral para o varejo teve alta de 0,2% no trimestre encerrado em agosto.

Equilíbrio entre taxas positivas e negativas

O volume de vendas das atividades do comércio varejista mostrou equilíbrio entre taxas negativas e positivas entre julho e agosto de 2023, segundo o IBGE.

Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-4,8%), livros, jornais, revistas e papelaria (-3,2%), móveis e eletrodomésticos (-2,2%) e tecidos, vestuário e calçados (-0,4%) tiveram quedas no período.

Por outro lado, hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,9%), combustíveis e lubrificantes (0,9%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,1%) avançaram.

5 das 8 atividades tiveram queda na comparação anual

Na comparação com o mesmo período de 2022, houve taxas negativas em livros, jornais, revistas e papelaria (-15,7%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-7,9%); tecidos, vestuário e calçados (-7%); combustíveis e lubrificantes (-3,5%); e móveis e eletrodomésticos (-1,5%).

Os três setores que tiveram alta foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (6,5%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6,2%); e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,6%).

Queda de vendas em 20 das 27 unidades da Federação

Segundo o levantamento do IBGE, houve resultados negativos em 20 das 27 unidades da Federação em agosto, com destaque para Paraíba (-3,6%), Alagoas (-2,7%) e Amapá (-2,3%).

Entre as sete unidades da Federação com alta em agosto, destaque para Sergipe (2,2%), Rondônia (1,9%) e Pernambuco (1,7%).

Na comparação anual, por sua vez, as vendas do varejo subiram em 14 das 27 unidades da Federação.

Análise

Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, a leitura do resultado do varejo em agosto é de estabilidade.

“Essa variação é identificada como estabilidade. Excluindo-se janeiro (4%) da série histórica de 2023, a maior parte dos indicadores mostra estabilidade. Com exceção de março, com alta de 0,7%, maio, com queda de 0,6%, e julho, com alta de 0,7%, todos os demais meses indicaram variações próximas a zero, ou seja, foram quatro meses de estabilidade e três de volatidade baixa”, explica. “A leitura para agosto é estabilidade, após um alta de baixa amplitude (0,7%) em julho.”

Avaliação semelhante é feita pelo economista-chefe do PicPay, Marco Caruso. “De modo geral, esse resultado segue a tendência observada no ano: números estáveis e com variações próximas de zero”, afirma.

“Olhando à frente, nossa percepção é mais otimista, sobretudo para o varejo restrito. Temos monitorado que os incentivos a renegociação de dívidas, em conjunto com um mercado de trabalho aquecido, têm contribuído para um menor nível de endividamento e inadimplência. Essas melhores condições das famílias devem se traduzir em um aumento da demanda e uma consequente expansão do comércio doméstico”, completa Caruso.

Para Maykon Douglas, economista da Highpar, “o varejo ampliado tem apresentado um comportamento mais volátil, especialmente nas vendas de automóveis, que recentemente sofreram com o efeito de base das medidas do governo de descontos em veículos novos”. “Por outro lado, as vendas de hiper e supermercados apresentam crescimento resiliente nos últimos meses, na esteira das deflações em alimentos, que elevam o poder de compra”, observa.

“Em resumo, os dados corroboram o arrefecimento econômico daqui para o fim do ano, com balanço de oferta e demanda mais favorável a itens mais básicos em detrimento de bens duráveis. Nesse sentido, o varejo segue com desempenho acanhado e tende a se manter assim nos próximos meses”, conclui Maykon.

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