Venda de caminhões não “pega no tranco” apesar do empurrão do governo
Entenda por que o programa federal ofereceu incentivos de R$ 700 milhões para a compra desses veículos, mas só R$ 100 milhões foram usados
atualizado
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O programa do governo federal de estímulo à venda de carros novos no Brasil foi encerrado na última semana, depois de exauridos R$ 650 milhões em créditos tributários, colocados à disposição das montadoras. Já a comercialização de caminhões empacou. No mesmo período, dos R$ 700 milhões destinados a esse braço do projeto, apenas R$ 100 milhões foram utilizados.
Na avaliação de Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, especializada no setor automotivo, esse braço do projeto enfrenta dois grandes problemas. Nesse caso, o programa tem como objetivo renovar a frota do país, retirando das ruas os caminhões com 20 anos ou mais de uso. “Mas para que isso ocorra, existem empresas que precisam dar baixa do chassi dos veículos antigos”, diz Pagliarini. “Isso está demorando para acontecer”.
O segundo entrave é formado pelos preços, apesar dos descontos oferecidos pelo governo que, no caso desses grandalhões, vão de R$ 36,6 mil a R$ 99,4 mil. Ocorre que, desde o início do ano, os caminhões fabricados no país passaram a adotar um conjunto de tecnologias, criadas para reduzir a emissão de poluentes. Essas alterações elevaram o valor desses veículos em cerca de 20%. E os mais caros custam R$ 1 milhão.
Assim, observa o consultor Milad Kalume Neto, da Jato Brasil, mesmo com o incentivo fiscal dado pelo governo, o patamar de preços manteve-se alto. “Na prática, o valor a ser financiado ainda ficou muito elevado”, afirma. “E isso faz com que as parcelas e tornem impraticáveis.”
Entre janeiro e junho, dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que foram fabricados no Brasil 7,4 mil caminhões em junho. O número representa uma queda de 30% em relação ao mesmo mês do ano passado. Considerado o período de maio a junho, o total de veículos produzidos chegou a 48,2 mil, uma redução de 12,5% na comparação com os primeiros seis meses de 2022.
Por conta da baixa adesão ao programa de descontos, o governo anunciou na última sexta-feira (7/7) que manterá os descontos para caminhões até setembro.