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Varejo cresce 0,9% em abril, mas fica abaixo da projeção do mercado

De acordo com o IBGE, setor registrou o quarto avanço seguido neste ano, com destaque para áreas que incluem supermercados e informática

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Mercado - inflação - IPCA - Alimentos
1 de 1 Mercado - inflação - IPCA - Alimentos - Foto: Vinicius Schmidt/Metropoles

As vendas do varejo cresceram 0,9% em abril sobre março de 2024. Esse foi o quarto resultado positivo seguido anotado pelo setor, que acumula alta de 4,9% neste ano. Nos últimos 12 meses, o crescimento ficou em 2,7%. Na comparação com abril do ano passado, a elevação foi de 2,2%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira (13/6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O número de abril (0,9%), contudo, ficou abaixo da expectativa do mercado, que previa um salto de 1,30%, segundo pesquisa realizada pela Reuters. A projeção dos analistas para a comparação com o mesmo mês do ano passado (que ficou em 2,2%) também era maior, apontando para uma alta de 3,35%. 

De acordo com Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, a expansão do varejo em quatro meses seguidos também ocorreu no ano passado, entre junho e setembro, mas com menor amplitude. “Neste ano, o varejo veio com resultados mais expressivos”, diz. “Nos últimos três meses, vem alcançando o último recorde da série com ajuste sazonal, que havia obtido em outubro-novembro de 2021.”

Das oito atividades pesquisadas, cinco avançaram em abril, com destaque para hiper, supermercados, produtos  alimentícios, bebidas e fumo (1,5%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (14,2%), que exerceram as principais influências sobre o resultado geral.

Informática e comunicação

“No caso de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, essa variação com grande amplitude significa um certo rebatimento do mês anterior, quando houve queda de 10,1%, por conta do crescimento forte do dólar”, afirma o pesquisador. “Em abril, algumas grandes marcas deram descontos nos produtos e, apesar da estabilidade do dólar, o setor conseguiu se recuperar.” No ano, a atividade acumula alta de 3,5%.

Supermercados

O avanço nas vendas do setor de hiper, supermercados, produtos  alimentícios, bebidas e fumo (1,5%), que responde por 55,2% do índice geral, veio após duas variações negativas seguidas (-0,2% em março e -0,1% em fevereiro). “Essa atividade não cresceu nos dois meses anteriores, com resultados próximos de zero, e essa estabilidade, com base um pouco mais baixa, explica o crescimento em abril”, diz Santos.

Eletrodomésticos

O setor de móveis e eletrodomésticos (2,4%) voltou ao campo positivo após a queda de 1,9% em março. Em abril, a trajetória foi distinta para as duas áreas. Enquanto a de eletrodomésticos ficou estável, pendendo para baixo, a de móveis cresceu, o que trouxe o setor para o lado positivo. 

Santos observa que o resultado desse segmento está relacionado a um período desfavorável para as vendas no ano passado. “Em 2023, especialmente no segundo semestre, alguns setores tiveram resultados muito ruins para grandes cadeias, com posterior fechamento de lojas”, diz. “No início deste ano, estamos observando uma recuperação dessas atividades, inclusive com abertura de novas unidades locais.”

Combustíveis

No caso do segmento de combustíveis e lubrificantes (2,2%), o resultado de abril marcou a primeira alta do ano. Nessa atividade, houve um comportamento parecido com o de hiper e supermercados. “Em janeiro, observamos um resultado próximo de zero, seguido de duas quedas”, diz o técnico do IBGE. “Essa base de comparação baixa deu oportunidade de crescimento na passagem de março para abril.”

Medicamentos

Outra atividade cujas vendas aumentaram em abril foi a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,6%). O resultado marca a terceira alta seguida do segmento, que acumula ganho de 13,8% no ano.

As atividades de livros, jornais, revistas e papelaria (-0,4%) e tecidos, vestuário e calçados (-0,7%) ficaram no campo negativo no mês. Para o setor de outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,0%), o cenário foi de estabilidade. Nesse setor, estão, por exemplo, as lojas de departamento, óticas e joalherias.

No comércio varejista ampliado, que inclui, além das atividades do varejo, as de  veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve queda de 1,0%.

Salto sobre abril de 2023

As vendas do varejo avançaram 2,2% na comparação com abril do ano passado. O crescimento foi disseminado por seis dos oito setores: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (18,9%), equipamentos e material para escritório informática e comunicação (16,1%), móveis e eletrodomésticos (8,0%),  outros artigos de uso pessoal e doméstico (4,6%), livros, jornais, revistas e papelaria (2,4%) e  combustíveis e lubrificantes (1,8%).

Já hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,3%) teve um resultado negativo nesse indicador pela primeira vez desde julho de 2022 (-0,3%). O setor de tecidos, vestuário e calçados (-1,5%) também recuou nessa comparação.

Duas atividades do varejo ampliado registraram crescimento nas vendas: veículos e motos, partes e peças (28,8%) e material de construção (16,3%). Para o atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve queda de 13,0%.

Rondônia é o destaque em abril

Com o avanço de 0,9% no volume de vendas do varejo ante o mês anterior, 18 unidades da federação registraram alta. As maiores variações ficaram com Rondônia (5,1%), Roraima (4,5%) e Amapá (3,7%). Entre as nove do campo negativo, os destaques ficaram com Maranhão (-1,4%), Bahia (-1,2%) e Paraíba (-1,1%).

Para o comércio varejista ampliado, nessa mesma comparação, os resultados positivos vieram de 16 unidades da federação. Goiás (8,2%), Roraima (7,3%) e Amapá (5,2%) tiveram as maiores variações. No lado negativo, os destaques foram São Paulo (-4,1%), Maranhão (-3,7%) e Tocantins (-3,0%).

Sobre a PMC

A PMC produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista. Iniciada em 1995, a PMC traz resultados mensais da variação do volume e receita nominal de vendas para o comércio varejista e comércio varejista ampliado (automóveis e materiais de construção) para o Brasil e unidades da Federação.

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