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Um time de futebol português aparece na denúncia contra o Grupo Delta

Denúncia sobre fraude no Grupo Delta, do ramo de energia, cita relação entre empresários acusados e o Vilafranquense, time de Portugal

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Imagem colorida do estádio do União Vilafranquense, de Portugal - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida do estádio do União Vilafranquense, de Portugal - Metrópoles - Foto: Reprodução/Vilafranquense

Na última semana, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passou a apurar uma denúncia de fraudes no Grupo Delta, gigante do ramo de comercialização de energia. O caso provocou a queda de um vice-presidente da Eletrobras. Um capítulo curioso da denúncia diz respeito a uma teia de relações entre os acusados que inclui um modesto time de futebol da segunda divisão do futebol português.

A denúncia foi revelada pelo jornal Valor Econômico e obtida pelo Metrópoles. O autor do documento é um ex-diretor da Brasil Comercializadora, Paulo Enrique dos Santos Rocha Filho, que afirma ter flagrado, em seu dia a dia, o uso da empresa para supostas transações fraudulentas em benefício do Grupo Delta. A Brasil, segundo ele, seria parte de um emaranhado de outras companhias e fundos de investimentos usados pela Delta para desvios em operações de compra e venda de energia entre 2019 e 2021.

A acusação deixa lacunas importantes: não quantifica qualquer prejuízo às empresas e fundos envolvidos, nem deixa claro o que é ilegal naquelas movimentações. A investigação aberta com base nela pela CVM é prévia – ou seja, ainda há dúvidas se vai virar um processo mais aprofundado para apurar a conduta dos acusados.

Mesmo assim, provocou forte repercussão, como a destituição do ex-vice-presidente de comercialização da Eletrobras, João Carlos de Abreu Guimarães, que, à época dos fatos narrados na denúncia, era diretor de uma das comercializadoras de energia ligadas à Delta.

O autor da denúncia aponta uma série de relações pessoais e de negócios entre os executivos dessas empresas e fundos de investimentos, a fim de provar que eles agem de acordo com os interesses do Grupo Delta. Nesse contexto, o autor da deníuncia cita os bastidores do União Vilafranquense, modesto time da segunda divisão de Portugal, o xodó da cidade de Vila Franca de Xira, na região metropolitana de Lisboa.

O time é usado para mostrar o quão estreita é a relação entre Francisco Lavor, controlador da Brasil Comercializadora, e Rubens Takano, sócio da Delta. Takano é dono do clube. Já uma empresa de Lavor, a CBC Agrícola, é a patrocinadora das camisetas da equipe. E o dirigente do clube é ninguém menos do que o contador responsável por assinar os balanços anuais de todo o Grupo Delta.

Ao Metrópoles, Lavor mostrou uma foto da camisa do União Vilafranquense com o logotipo de sua empresa, a CBC Agrícola, na manga do uniforme.

“Não lembro de qual ano, ele me pediu ajuda para colocar uma propaganda na manga da camisa. Você vê que é na manga. Essa é uma empresa que eu tenho de marketplace e que eu tinha interesse em divulgar no mercado português. Custou R$ 100 mil por ano. Eu coloquei a marca numa parte pequena da camisa, e depois de um ano eu nunca soube do clube, nada do que aconteceu”, diz Lavor.

Lavor, no entanto, afirma não ter “nada com negócios e com o que faz o Grupo Delta”. “Eu sei que esse moço fez uma denúncia de fraude. Ele é quem tem que ser responsável pela denúncia dele. Tudo que eu tenho a ver com o Grupo Delta foi esse patrocínio na manga da camisa e só. Não tenho mais nada. Conheço ele há muito tempo, não temos uma relação de proximidade, nada disso”, diz.

O Grupo Delta afirma que “não tem nenhuma relação com clubes de futebol” e que “o Vilafranquense, agora AVS, é um investimento pessoal de Rubens Parreira [Takano]”. A respeito da denúncia, a Delta rechaça todas as acusações e afirma que todas as operações envolvendo o grupo, “sem exceção, não geraram quaisquer benefícios indevidos a nenhuma das partes envolvidas”. “Ao contrário, foram celebradas estritamente de acordo com as regras contidas nos regulamentos dos respectivos fundos de investimento e, mais importante, foram conhecidas e aprovadas pelos respectivos comitês de investimentos e auditores”, diz a empresa.

“O documento apresentado à CVM é de autoria de uma pessoa física sem qualquer relação com o Grupo Delta Energia e os respectivos fundos de investimento. Ele lista acusações que não se sustentam e contêm inverdades a respeito do funcionamento dos fundos e das operações realizadas. O Grupo Delta Energia, que ainda não foi oficiado pela CVM, buscará esclarecer todos os fatos perante quaisquer autoridades, assim como a reparação devida face às acusações infundadas das quais é vítima”, diz a empresa.

Procurado, o Vilafranquense afirmou que o patrocínio da CBC nas camisas do time foi de seis mil euros mensais, entre agosto de 2020 e julho de 2021. O clube nega relação com a Delta e diz que o contador do grupo deixou o clube há 18 meses.

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