“Tomei um puxão de orelha”, diz Campos Neto sobre rotativo do cartão
Roberto Campos Neto, do BC, disse ontem que rotativo do cartão de crédito pode ser extinto. Hoje, afirmou que não esperava tanta repercussão
atualizado
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As declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, sobre a possibilidade de extinção do rotativo do cartão de crédito, dadas durante uma audiência no Senado na quinta-feira (10/8), renderam ao chefe da autoridade monetária um “puxão de orelha”.
Foi o que o próprio Campos Neto afirmou nesta sexta-feira (11/8), sem dizer quem lhe deu o “puxão de orelha”. Ele participou de um seminário promovido pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná, nesta manhã.
“A gente não tem os detalhes ainda (sobre a possível extinção do rotativo). Eu tomei um puxão de orelha depois do que eu falei”, disse Campos Neto.
O presidente do BC afirmou que não esperava que a sua fala causasse tanta repercussão, como aconteceu.
“Quando faz uma apresentação, a gente sempre acha que o headline vai ser um, mas sempre é outro”, brincou Campos Neto.
“Nossa ideia era fazer um plano onde a gente passasse por ter o parcelamento, ou seja, não ter o rotativo, de tal forma que equilibrássemos os números para o produto. É importante que o cartão de crédito continue sendo uma alternativa viável”, afirmou.
Ainda segundo Campos Neto, a discussão sobre o rotativo do cartão vem sendo feita em parceria com o Ministério da Fazenda.
“Se você tem um produto que tem inadimplência de 54%, você tem um problema no produto”, disse. “Nos próximos dias, devemos ter um formato mais decisivo”, concluiu.
Rotativo do cartão
O rotativo do cartão de crédito é uma linha de crédito pré-aprovada no cartão. Ela é acionada por quem não pode pagar o valor total da fatura na data de vencimento.
Em caso de inadimplência do cliente, o banco deve parcelar o saldo devedor ou oferecer outra forma de quitação da dívida, em condições mais vantajosas, em um prazo de 30 dias.
Segundo especialistas, o rotativo do cartão é a linha de crédito mais cara do mercado e deve ser evitada. A recomendação é a de que os clientes paguem o valor integral da fatura mensalmente.
Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou preocupação com a taxa de juros do cartão rotativo. Na época, ele disse que negociaria com os bancos uma possível redução.
Mais de 400% ao ano
A taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo caiu para 437,3% ao ano em junho, de acordo com dados do BC.
No mês anterior, os juros estavam em 455,1%, atingindo o maior patamar desde 2017.
Apesar da queda registrada em junho, os juros do cartão seguem em patamares altíssimos. Há um ano, a taxa estava em 370,4%.