“Tentamos suavizar”, diz Campos Neto sobre taxa de juros
“É óbvio que a gente quer trabalhar com juros baixos, mas temos de olhar o que é sustentável lá na frente”, afirma Roberto Campos Neto
atualizado
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu nesta quarta-feira (5/4) a decisão da autoridade monetária de manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75% ao ano.
O atual patamar da Selic vem sendo criticado por Luiz Inácio Lula da Silva, por ministros do governo e por lideranças do PT, como a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann.
Em reunião com integrantes do grupo Esfera Brasil, que reúne empresários de diversos setores da economia brasileira, Campos Neto disse que o BC tenta “suavizar” o ciclo de alta de juros.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. Quando o BC aumenta os juros, o objetivo é segurar a demanda aquecida, o que se reflete nos preços — os juros mais altos encarecem o crédito e, assim, ajudam a conter a atividade econômica, com menos dinheiro em circulação.
“Tentamos suavizar o ciclo, olhamos para frente. Entendemos que o juro alto causa impacto na parte produtiva e tentamos suavizar o máximo possível, para causar o mínimo de dano possível à economia”, afirmou Campos Neto. “É óbvio que a gente quer trabalhar com juros baixos, mas temos de olhar o que é sustentável lá na frente.”
O presidente do BC citou a situação de outros países, como Argentina e Turquia, que perderam o controle da inflação, como exemplo do que não deve ser feito.
“Temos experimentos não muito distantes de nós, como a Argentina, com o aumento da pobreza causado pela inflação descontrolada. A inflação é um imposto muito maligno, que incide muito mais sobre as pessoas que têm poucos recursos”, disse Campos Neto.
“O que teria acontecido se não tivéssemos subido os juros em ano de eleição? Provavelmente, teríamos uma inflação bem acima dos países em volta e uma expectativa de inflação maior ainda”, concluiu.