Substituto do cartão? BC pode autorizar “crédito Pix”, diz Campos Neto
Campos Neto disse que Banco Central estuda autorizar bancos a ofertarem crédito via Pix. Ainda não há detalhes sobre como seria a ferramenta
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (11/8) que a autoridade monetária estuda autorizar a oferta de crédito aos consumidores via Pix, sistema de pagamentos instantâneos.
A fala ocorre um dia depois de Campos Neto ter causado repercussão no mercado ao tratar da redução das taxas no cartão de crédito. Na véspera, o presidente do BC chegou a citar, em audiência no Senado, a possibilidade de extinguir a modalidade de “crédito rotativo”, cujas taxas superam 400% ao ano.
Nesta sexta-feira, Campos Neto disse ter levado um “puxão de orelha” pela fala sobre o rotativo e se corrigiu: “A gente não tem os detalhes ainda [sobre o rotativo]. Eu tomei um puxão de orelha depois do que eu falei”, disse.
Apesar disso, Campos Neto confirmou que o BC estuda o que chamou de “Pix crédito”. O intuito seria autorizar bancos a oferecerem crédito e parcelamentos nessa ferramenta, emulando a experiência que já existe com o cartão, mas com taxas menores devido ao tipo diferente de produto.
Diferenças com o Pix tradicional
Hoje, uma transferência via Pix é efetuada quando há saldo nas contas bancárias. Alguns bancos também oferecem a possibilidade de efetuar as transferências sem saldo, mas vinculadas a um cartão de crédito ou a outro tipo de empréstimo.
Para de fato ser uma alternativa ao cartão de crédito, a modalidade ventilada por Campos Neto teria de estar ligada a um novo tipo de produto.
O presidente do BC, no entanto, disse que o tema está em análise e não deu detalhes sobre como seria a eventual implementação.
“É super importante, a gente está fazendo várias políticas com o Pix crédito, que vão desafogar e dar alternativas”, disse, em participação no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap).
Após a polêmica com a fala na véspera, Campos Neto reforçou ainda que é “importante” que o cartão de crédito continue existindo como “alternativa viável”.
A discussão vem sendo travada com o Ministério da Fazenda, bancos e varejistas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse neste mês que espera ter uma “solução final” para o tema em até 90 dias.