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Só 2 em cada 10 usuários pensam em mudar bandeira de VR, diz pesquisa

Pesquisa mostra que portabilidade, ventilada em nova lei, ainda não é vista como essencial por maioria dos usuários de vale-refeição (VR)

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Cartão de vale-refeição sendo entregue na boca do caixa para um atendente de supermercado. Ao fundo, alimentos adquiridos na compra - Metrópoles
1 de 1 Cartão de vale-refeição sendo entregue na boca do caixa para um atendente de supermercado. Ao fundo, alimentos adquiridos na compra - Metrópoles - Foto: Getty Images

Embora a legislação para benefícios como vale-alimentação (VA) e vale-refeição (VR) esteja perto de permitir portabilidade nos cartões, a maioria dos brasileiros beneficiários ainda não pensa em trocar de serviço, segundo nova pesquisa sobre o tema obtida pelo Metrópoles.

Os impactos iniciais da lei, cuja implementação foi adiada para 2024, foram mensurados em sondagem da plataforma SoluCX, especializada em pesquisas de satisfação. Os dados mostram que oito em cada dez beneficiários dos chamados “VR” e “VA” responderam que “não deseja trocar a empresa emissora do cartão de benefícios” por ora.

“No caso da possibilidade de portabilidade, 78% dos usuários não desejam realizar essa troca, fortalecendo a ideia de que eles estão satisfeitos com o serviço”, escreveram os responsáveis pela pesquisa, em relatório.

A mesma sondagem mostrou que quase 92% dos beneficiários se dizem “satisfeitos” ou “muito satisfeitos” com seu cartão de benefício e que a maioria (quase 57%) vê o recurso como “importante” ou “muito importante” para fechar as contas.

A sondagem da SoluCX foi realizada de forma online, com 600 mil consumidores em todo o Brasil, dos quais um terço eram beneficiários de benefícios como vale alimentação, vale refeição ou cartão flexível. Dentre os beneficiários, quase metade (46%) recebe até R$ 300, segundo a pesquisa.

Concorrência em alta

O segmento dos cartões de benefício ficou aquecido no Brasil nos últimos anos: além de empresas tradicionais do setor, como Alelo, Sodexo, Ticket e VR (essa última, que virou sinônimo do segmento), ingressaram no mercado startups como Caju, Flash, iFood e Swile (antiga Vee).

Além dos vales para alimentação, empresas têm começado a distribuir “cartões flexíveis”, com um valor fixo que pode ser usado em outros tipos de estabelecimento.

Dos respondentes que recebem algum cartão de benefício na pesquisa da SoluCX, 43% recebem vale-alimentação, 38%, vale-refeição e 4% recebem algum benefício flexível. Outros 14% recebem ambos.

Em um mercado cada vez mais concorrido, Tiago Serrano, CEO da SoluCX e responsável pela pesquisa, afirma que as empresas terão de “descobrir quais os pontos de atrito e oportunidades” para melhorar a jornada.

Embora a demanda por trocar de emissor do cartão ainda seja baixa, a pesquisa mostrou que há algum desejo dos colaboradores por uma maior flexibilidade, se possível. Quase 39% disse que o recurso deveria estar disponível para “compra de qualquer produto” (e outros 28% afirmaram que a única exceção deveria ser a compra de “bebidas alcoólicas e cigarro”).

Por outro lado, esse ponto ainda não é visto como determinante. Sete em cada dez (69%) beneficiários apontam que o fator “mais importante” em um vale-refeição é a rede de aceitação – desafio que foi aprimorado com a disseminação de maquininhas de cartão nos últimos anos.

Portabilidade é tema de disputa

O mercado de benefícios no Brasil é um dos maiores do mundo e movimenta aproximadamente R$ 150 bilhões, segundo dado citado pela Receita Federal.

Por meio do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), criado há 50 anos, as empresas são obrigadas a oferecer refeição aos funcionários, o que pode ser feito por meio dos cartões de benefícios.

No ano passado, a sanção da lei 14.442 abriu novas possibilidades, incluindo a portabilidade das bandeiras. A mudança ainda não foi regulamentada e a implementação foi adiada para o ano que vem. A medida permitiria ao funcionário de uma empresa escolher a gestora de seu vale-refeição e vale-alimentação. Hoje, essa tarefa cabe ao departamento de RH do empregador.

Como mostrou o Metrópoles, há uma disputa em curso sobre a portabilidade, que colocou em lados opostos empresas e algumas das associações do setor. As grandes bandeiras são contrárias à portabilidade, assim como algumas associações de restaurantes.

Do lado oposto, favoráveis à portabilidade, estão companhias de entrega de refeição on-line, empresas de pagamento e bancos digitais.

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