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Selic a 10,50%: por que taxa pode demorar a cair ou até subir em 2024

O Copom vai realizar quatro reuniões neste ano, mas, para analistas do setor, são minúsculas as chances de uma queda da taxa no curto prazo

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Imagem de uma mão mexendo com dados em que aparecem símbolos de porcentagem e o nome "Selic", em alusão à taxa de juros - Metrópoles
1 de 1 Imagem de uma mão mexendo com dados em que aparecem símbolos de porcentagem e o nome "Selic", em alusão à taxa de juros - Metrópoles - Foto: Getty Images

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) realizará mais quatro reuniões neste ano. Mas, na avaliação de analistas, o órgão dificilmente promoverá cortes da taxa básica de juros, a Selic, nesses encontros. O fato é que, para alguns economistas, ela só deve começar a cair em março de 2025. Isso se não subir neste ano.

Na quarta-feira (19/6), o Copom manteve a Selic a 10,50% ao ano. O comunicado emitido pelo órgão sobre a decisão destacou que a “política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

Trocando em miúdos, isso quer dizer que os juros permanecerão nas alturas até que a inflação dê sinais claros de que vai convergir para o patamar de 3% – o centro da meta fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). 

Márcio Holland, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EESP) e ex-secretário de Política Econômica no Ministério da Fazenda (2011-2014), diz, porém, que não consegue ver possibilidades de melhora no quadro macroeconômico geral no curto prazo. É isso o que, na opinião do especialista, reduz as chances de uma redução da Selic nos próximos meses.

Aumento neste ano

“Tudo vai depender da potência da política monetária nos próximos trimestres”, diz Holland, referindo-se ao efeito que os juros altos vão provocar na economia, em geral, e nas expectativas da inflação, em particular. “No meu cenário base, vamos flertar com a pressão para a desvalorização do real e um ambiente de deterioração fiscal. Nessa situação, a política monetária tende a perder eficácia, podendo até ser necessário majorar a taxa Selic ainda no final deste ano para que o resultado seja observado ao longo de 2025.”

Holland observa que existe no país uma “expectativa inflacionária que incomoda” e exige atenção do BC. “Além disso, os juros americanos devem ficar altos por um tempo. A deterioração fiscal tem se acelerado nos últimos meses no Brasil e não há sinal de melhoria nem para este ano nem para o ano que vem”, afirma. Ele considera, porém, que, se a economia desacelerar mais rapidamente e o mercado de trabalho der sinais de queda, a Selic pode permanecer no patamar atual, sem a necessidade de um aumento. Ainda assim, ela não vai cair neste ano.

Sem âncora

Uma análise da Ativa Investimentos vai nessa mesma direção. Os economistas da corretora acreditam que a Selic permanecerá estável em 10,50% até pelo menos o fim do primeiro trimestre de 2025. Eles destacam que o BC registrou no comunicado uma “ampliação da ‘desancoragem’ das expectativas de inflação”. Nesse caso, as referências subiram em 2024 de 3,8% para 4,0% e, em 2025, de 3,3% para 3,4%. E isso não favorece a queda dos juros.

Para a Ativa, se a Selic ficar em 10,50% até março de 2025, “a partir de quando a política monetária passa a focar exclusivamente em 2026”, o BC alcançará a convergência da inflação para a meta em 2025. “Deste modo, o Banco Central reafirmou nossa perspectiva de que a Selic ficará em 10,50% pelo menos até o início de 2025”, afirma a corretora, em relatório divulgado nesta quinta-feira (20/6).

Dois cenários

O economista Alexandre Schwartsman, consultor e ex-diretor do Banco Central, também considera que um dos destaques do comunicado do Copom desta semana, em relação ao emitido pelo órgão na reunião anterior, em maio, foi a menção à “ampliação da ‘desancoragem’ das expectativas de inflação com relação à meta”.

Ele nota que, no cenário de referência delineado pelo BC, a taxa de câmbio ficaria em R$ 5,30, a Selic seria mantida em 10,50% até o fim de 2024 (caindo para 9,50% no fim de 2025), a inflação atingiria 4% neste ano (ante 3,8% na previsão da reunião anterior) e 3,4% em 2025 (versus 3,3% previamente), acentuando seu desvio com relação à meta de 3%.

“Adicionalmente, o BC voltou a divulgar suas projeções em cenário alternativo, no qual a Selic é mantida no atual patamar por toda a eternidade (ou no horizonte relevante, o que chegar primeiro)”, aponta Schwartsman. “No caso, a projeção para 2024 se manteria obviamente constante, caindo, porém, para 3,1% em 2025 (ou seja, cada ponto percentual a mais na Selic reduziria a inflação em cerca de 0,3%, resultado consistente com o modelo do BC).” Daí a conclusão: “Esperamos, portanto, que a Selic permaneça no atual patamar até o final de 2024”.

 

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