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“Segunda sinistra”: dólar dispara e Bolsas derretem no mundo. Entenda

Medo de recessão nos EUA e aumento de juros no Japão, segundo analistas, estão entre os principais fatores que explicam turbulências

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1 de 1 Imagem de painel da Bolsa de Valores do Brasil (B3) - Metrópoles - Foto: Cris Faga/NurPhoto via Getty Images

Esta segunda-feira (5/8) marca o que se pode chamar de uma típica manhã de “aversão ao risco” no mercado mundial. No Brasil, o dólar foi cotado a R$ 5,86, equivalente a uma elevação de 2,4%, na abertura do mercado, às 9h. Às 11h30, estava em R$ 5,80. Nesse horário, a Bolsa brasileira (B3) registrava forte queda de 1,14%, aos 124.422 pontos.

A situação não era diferente em outras praças mundo afora. Em Tóquio, a Bolsa caiu 12,4%, o maior tombo desde 1987. Na Coreia do Sul, a baixa foi de 8,8%. No atual cenário, os ativos de renda variável – como as ações de empresas – tendem a ser fortemente afetados.

Na avaliação da Ativa Investimentos, em termos de fundamentos, quando observada a dinâmica da economia global, “faltam gatilhos que justifiquem tamanha magnitude de reversão”. Ainda assim, somados, alguns fatores contribuem para a explicar esta “segunda sinistra” do mercado internacional.

O primeiro deles é a perspectiva de recessão na economia americana. Ela ganhou tração na sexta-feira (2/8), depois da divulgação de um relatório sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos. A pesquisa indicou que o desemprego no país passou de 4,1% em junho para 4,3% em julho, o que corresponde ao maior patamar desde outubro de 2021. “Também tivemos um crescimento nos salários menor do que se esperava”, diz Helena Veronese, economista-chefe da corretora B.Side. “Fazia bastante tempo que isso não acontecia.”

Com a baixa na atividade da economia, o banco Goldman Sachs elevou de 15% para 25% as chances de recessão nos EUA. Para o JPMorgan, essa possibilidade está na casa dos 50%. Ou seja, é jogar a moeda para cima e esperar para ver de que lado cai, se cara ou coroa, uma vez que ambas têm as mesmas chances.

Além disso, observa o analista Rafael Passos, da Ajax Asset, o recente anúncio de alta de juros na economia japonesa tornou-se um vetor de pressão sobre os ativos globais. Na quarta-feira (31/7), o Banco do Japão (BoJ, o banco central do país asiático) aumentou a taxa para 0,25%, ante a faixa de 0% a 0,1% estabelecida em março. O BoJ também decidiu reduzir as compras de títulos do governo. 

Esses elementos negativos, tanto na Ásia como nos EUA, têm repercussão direta no dólar. Em momentos de aversão a risco, a moeda americana torna-se um porto seguro, ganhando atratividade sob o ponto de vista do investidor. Isso faz com que, ato contínuo, a cotação suba.

O que esperar daqui para frente? Para Helena Veronese, da B.Side, o mercado está no “auge do movimento de estresse”. “Os dados de Estados Unidos, de maneira geral, não sinalizaram que estávamos com uma economia recessiva”, afirma. “Eles apontam para uma desaceleração controlada.”

“Então, agora, precisamos ter calma e esperar os próximos dados para avaliar se vamos ter uma economia desacelerando muito, caminhando para uma recessão”, diz Helena. “Ou se, simplesmente, temos uma economia que está esfriando, o que todo mundo já esperava.”

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