Saiba como investir em videogames, cannabis, lítio e outras tendências
Os ETFs, índices que reúnem ações de empresas do mesmo segmento, agora permitem aos brasileiros investir em setores com alto crescimento
atualizado
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Nos últimos anos, mudanças nas leis e regras do mercado brasileiro tornaram o ato de investir no exterior muito mais simples. A principal delas foi a permissão para que investidores locais tivessem acesso a ações de empresas listadas em outros países.
Os BDR (sigla em inglês para Brazilian Depositary Receipts), nada mais são do que recibos de ações estrangeiras. Negociados na bolsa brasileira, tais recibos têm cotação em reais, o que facilita o acompanhamento de preços.
Com o caminho aberto para os investimentos no exterior, muitos gestores financeiros se especializaram na oferta de produtos para o público que deseja colocar algum dinheiro no mercado global.
Foram surgindo os índices setoriais, chamados de ETF (sigla em inglês para Exchange Traded Fund). Esses ativos são fundos de investimento temáticos, que escolhem aplicar recursos em empresas de um mesmo setor, ou de empresas que atuam com estratégias parecidas em alguma frente.
É o caso, por exemplo, de ETFs que investem somente em empresas produtoras de lítio. O componente é usado em baterias que podem equipar celulares, carros elétricos e até usinas solares.
A gestora Global X, que pertence ao grupo financeiro asiático Mirae, tem um fundo desse tipo listado no Brasil. O ETF da Global X tem ações, por exemplo, da Albemarle Corporation, empresa com sede nos Estados Unidos que é a maior fabricante de baterias de lítio do mudo.
“O investimento temático está ganhando espaço dentro do portfólio do investidor brasileiro. É uma estratégia para olhar para a frente, captar principais tendências e tentar enxergar como o mundo vai se comportar em alguns anos”, diz Rodrigo Araújo, estrategista da Global X para a América Latina.
Cannabis, videogames e cybersegurança
Além do fundo de lítio, a gestora tem outros 30 ETFs disponíveis para o investidor brasileiro, com temas que vão desde cannabis a estudos genéticos.
O foco é sempre buscar empresas que podem ter um crescimento acelerado no médio prazo, legando assim bons frutos para quem antecipou a tendência e investiu quando o negócio era menor.
O fundo de estudos genéticos e biotecnologia da Global X, por exemplo, tem um patrimônio investido de mais de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão). A gestora diz que o sequenciamento do genoma humano tem contribuído para o desenvolvimento de medicamentos e terapias para a cura de doenças complexas.
Saúde também é o foco de outros ETFs da casa, como o que investe em empresas fabricantes de cannabis medicinal e em prestadoras de serviço de telemedicina.
Mas as possibilidades são infinitas, quando se fala em ETFs setoriais. Já há no mercado brasileiro fundos especializados em empresas do segmento de jogos e videogames, em produtores de urânio, em desenvolvedoras da “internet das coisas” e até mesmo ETFs que miram o consumo dos millenials.
Estratégia
É recomendado que o investidor limite a participação de produtos desse tipo na carteira, uma vez que, por serem ativos com potencial de crescimento, as ações dessas empresas tendem a oscilar mais.
A volatilidade dos ETFs é maior do que fundos que investem em setores mais consolidados, como energia e bancos. Além disso, em momentos de juros mais altos, como o atual, os investidores acabam buscando refúgio em aplicações mais seguras, como os títulos de dívida dos governos.
“Mesmo que os fundos temáticos sejam impactados pelo aumento dos juros e pela recessão econômica do mundo desenvolvido, são apostas em uma demanda reocorrente. O mundo está em franca transformação e a nova dinâmica da economia vai ser captada também pelos ativos financeiros”, prevê Araújo, da Global X.