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Resultados são “compatíveis com a realidade”, diz CEO da Americanas

“Assumimos com o objetivo de chegar a um acordo com credores para garantir sustentabilidade da Americanas”, afirma Leonardo Coelho Pereira

atualizado

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1 de 1 Imagem colorida da fachada da loja Americanas - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O diretor-presidente da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, afirmou nesta quinta-feira (16/11), ao comentar a divulgação dos balanços financeiros da companhia referentes a 2021 e 2022, que os resultados obtidos pela varejista estão abaixo do que seria desejável, mas são “compatíveis com a realidade”.

Em 2021, a varejista reportou um prejuízo de R$ 6,237 bilhões, revisando o resultado anunciado anteriormente, que indicava um lucro líquido de R$ 544 milhões.

Em 2022, a Americanas também ficou no vermelho, com um prejuízo de R$ 12,912 bilhões. Com os resultados revisados, a companhia registrou um aumento de 104% nas perdas entre 2021 e 2022.

De acordo com a Americanas, o desempenho é consequência do fraco resultado operacional, além de alta despesa financeira e lançamentos extraordinários.

A fraude contábil que veio à tona em janeiro e mergulhou a Americanas na maior crise de sua história foi de R$ 25,2 bilhões, de acordo com informações divulgadas pela varejista nesta manhã.

O montante é superior ao divulgado em janeiro, quando as “inconsistências contábeis” eram estimadas em cerca de R$ 20 bilhões.

“Não será fácil, mas será feito”

Segundo Coelho, que fez uma apresentação a investidores e analistas nesta manhã, a Americanas é a maior “vítima” em todo esse processo.

“Assumimos com objetivo de chegar a um acordo com credores para garantir sustentabilidade da empresa”, destacou o executivo.

Segundo Coelho, a atual gestão da Americanas vem atuando em três frentes: a recuperação judicial, a investigação da fraude contábil e a “transformação” da empresa.

O plano de negócios da Americanas está focado na força das lojas físicas, embora o digital também seja um pilar importante.

“Acreditamos que, com esse plano, a Americanas estará pronta para renovar seu papel de relevância no varejo brasileiro. Não será fácil, não será simples, mas será feito”, afirmou Coelho.

De acordo com a Americanas, foram feitos vários ajustes e uma série de melhorias em departamentos como os de marketing, tecnologia e logística, a partir da renegociação de contratos e de mudanças na estrutura da organização.

Adiamentos

Os balanços revisados da Americanas de 2021 e 2022 estavam previstos para ser divulgados na segunda-feira (13/11), mas houve um adiamento. Ao todo, foram quatro adiamentos desde o escândalo contábil na companhia, que veio à tona em janeiro deste ano.

“A Americanas foi vítima de uma fraude sofisticada e muito bem arquitetada, o que tornou a compilação e análise de suas demonstrações financeiras históricas uma tarefa extremamente desafiadora e complexa”, disse a Americanas, em comunicado ao mercado, no início da semana.

Apesar dos sucessivos atrasos, a divulgação do balanço da Americanas foi bem recebida pelo mercado. Às 10h30, as ações da varejista subiam 10%, a R$ 0,88.

A crise da Americanas

Na semana passada, como noticiado pelo Metrópoles, a Bolsa de Valores do Brasil (B3decidiu retirar o selo do Novo Mercado da Americanas. Além disso, a companhia teve 22 diretores, conselheiros e membros de seu comitê de auditoria punidos pela B3 por descumprimento das regras do Novo Mercado.

O selo foi criado pela B3 em dezembro de 2020 e premia companhias com alto nível de governança e transparência. A perda da classificação, portanto, é um novo dano à reputação da Americanas. Embora tenha perdido o selo do Novo Mercado, a empresa continua listada na Bolsa.

No início deste ano, veio à tona um rombo contábil bilionário nos balanços financeiros da Americanas, estimado inicialmente em R$ 20 bilhões. Recentemente, a CPI da Câmara dos Deputados que investigou o episódio chegou ao fim sem apontar os responsáveis pela possível fraude. O caso também é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal.

No mês passado, como noticiado pelo Metrópoles, a Americanas anunciou, também por meio de um fato relevante, que vai sacar mais R$ 500,6 milhões da linha de financiamento que obteve junto aos acionistas de referência da varejista, Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.

Em fevereiro, a Justiça autorizou que os três acionistas fizessem empréstimos de até R$ 2 bilhões para manter a operação da companhia. A empresa já havia utilizado R$ 1 bilhão desses recursos. Agora, os saques somam três quartos do total.

Esse tipo de crédito, chamado de “debtor-in-possession” (DIP), é destinado a companhias em recuperação judicial. É usado para manter e dar liquidez a empresas nessa situação. Por isso, ele teve de ser aprovado pela 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, onde corre a recuperação judicial da varejista.

A venda de ativos seria outra forma que a Americanas teria para obter recursos. Mas essa não é uma solução simples. Tanto é assim que a companhia decidiu suspender a busca por interessados na compra de sua participação no Grupo Uni.co, dono de marcas como Puket e Imaginarium. De acordo com a empresa, “as condições comerciais propostas” não refletiram o “real valor” do Uni.co.

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