Resultado de teste sobre caso de “vaca louca” sai na semana que vem
Projeção foi feita pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro; material foi encaminhado a laboratório no Canadá
atualizado
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O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que deve sair na semana que vem o resultado do teste a ser feito por um laboratório de Alberta, no Canadá, para detectar se o caso do “mal da vaca louca” registrado em uma propriedade rural de Marabá (PA) é de origem típica ou atípica.
O material foi encaminhado para o laboratório de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS). Lá, testes vão detectar se é um caso atípico (que surge de forma espontânea no organismo do animal) ou típico (por meio do consumo de rações feitas com proteína animal contaminada, como farinha de carne e ossos de outras espécies).
O governo brasileiro acredita que o caso é de origem atípica, de menor gravidade e com alcance potencialmente menor. Fávaro já descartou a possibilidade de que a contaminação represente qualquer risco à população brasileira.
“Vamos nos esforçar para que, em meados da semana que vem, já tenhamos o resultado e possamos dar sequência nas informações complementares”, afirmou Fávaro. “Estamos ainda em processo para que as amostras entrem no Canadá, entre sábado e domingo e, em dois ou três dias, com bastante diplomacia e acompanhamento, vamos conseguir fazer essa análise. A tendência de ser um caso atípico é muito grande.”
Na quarta-feira (22/2), o Brasil seguiu uma cláusula de autoembargo do acordo firmado com a China em 2015 e interrompeu os embarques de carne bovina para o país asiático. O protocolo prevê a suspensão das exportações de carne bovina em caso de confirmação do “mal da vaca louca”.
O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, que se reuniu com Fávaro na quinta-feira (23/2), elogiou o governo brasileiro pelo rápido cumprimento do protocolo.
Em entrevista ao Metrópoles, o ex-ministro da Agricultura Antônio Cabrera, por outro lado, afirmou que o episódio de Marabá deveria levar a uma revisão do acordo vigente entre o Brasil e o país asiático. Para ele, a interrupção dos embarques de carne bovina para a China deveria ocorrer apenas após a confirmação de que se trata de uma contaminação de origem típica, de maior gravidade e alcance potencialmente maior.
“Talvez seja o momento de repensar essa cláusula do autobanimento. Nós mesmos cortamos as exportações. Por que isso não pode ocorrer apenas depois da confirmação de um caso típico? Nossa incidência de vaca louca é praticamente insignificante”, disse Cabrera. “Depois que isso passar, com calma, acho importante fazer essa mudança, para não passarmos por esse estresse.”
O “mal da vaca louca”
Os animais podem ser contaminados espontaneamente, entre vacas mais velhas, ou por meio de rações feitas com proteína animal contaminada, como farinha de carne e ossos de outras espécies.
A doença recebeu essa denominação por provocar comportamento estranho nos bovinos. Entre as manifestações observadas, destacam-se as reações exageradas a estímulos externos, a dificuldade de locomoção e o nervosismo.
Em humanos, a ingestão de carne contaminada é caracterizada pela rápida deterioração mental, geralmente em alguns meses.