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Reoneração é bem-vinda e dá força a Haddad sobre ala política, dizem economistas

Pressionado pela necessidade de mostrar resultados na economia, Haddad ganha fôlego com volta de impostos federais sobre gasolina e etanol

atualizado

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Futuro Ministro do governo Lula Fernando Haddad durante anuncio dos novos nomes da pasta da Fazenda - Metrópoles
1 de 1 Futuro Ministro do governo Lula Fernando Haddad durante anuncio dos novos nomes da pasta da Fazenda - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Após dois dias de muita especulação, forte expectativa no mercado financeiro e uma intensa disputa política travada dentro do próprio governo, acabou o mistério. Em entrevista coletiva no fim da tarde desta terça-feira (28/2), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou oficialmente a retomada dos impostos federais que incidem sobre a gasolina e o etanol.

A reoneração será de R$ 0,47 para a gasolina e de R$ 0,02 para o etanol. Mais cedo, a Petrobras informou a redução no preço médio de venda da gasolina e do diesel para as distribuidoras – o que foi interpretado por setores do mercado como uma estratégia do governo para amenizar a alta decorrente da reoneração dos combustíveis.

Segundo economistas consultados pelo Metrópoles, apesar da redução de preços anunciada pela Petrobras, a volta dos impostos sobre os combustíveis é uma vitória de Haddad sobre a ala mais política do PT, liderada pela presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann.

“Se o Haddad quiser cumprir o plano dele de criar um déficit pequeno, perto de zero, ou até um superávit, ainda que muitas pessoas tratem essa promessa como muito otimista, ele tinha mesmo de reonerar os combustíveis. A alternativa seria criar outros mecanismos de arrecadação. Não havia muito o que fazer”, explica André Galhardo, mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e consultor econômico da Remessa Online.

“Dá para dizer que é uma vitória do Haddad porque, no começo do governo, o ministro foi dado como derrotado quando a nova Medida Provisória estendeu a desoneração dos combustíveis até o dia 28 de fevereiro. Se ele perdeu lá, ele vence agora, especialmente diante de uma influência muito forte do PT, principalmente da Gleisi Hoffmann e de outras lideranças mais ligadas ao núcleo político do governo, que queriam a desoneração por mais tempo”, avalia Galhardo.

Segundo o economista, o ministro da Fazenda “sabe que tem pouco tempo para agir”, pressionado pela necessidade de apresentar bons resultados na economia, cruciais para o sucesso do governo. “Se Haddad quiser entregar um resultado fiscal satisfatório e acalmar os ânimos do mercado, parte desse esforço passa pela arrecadação dos quase R$ 30 bilhões que essa reoneração dos combustíveis representa”, afirma.

Para Galhardo, a Petrobras, sob comando de Jean Paul Prates, novo presidente da estatal, pode fazer mais ajustes nos preços dos combustíveis em um futuro próximo. “Acho que vem mais por aí. A tendência de curto prazo é de valorização da moeda brasileira e isso pode fazer com que a Petrobras mexa novamente nos preços dos combustíveis sem ferir, neste momento, a paridade de preços internacionais”, projeta.

Benito Salomão, doutor em economia pelo PPGE-UFU, diz que a reoneração da gasolina e do etanol é positiva e reverte, ainda que parcialmente, o “populismo tributário” nos combustíveis.

“A decisão política de restabelecer essas alíquotas é muito bem-vinda. O populismo tributário só traz prejuízo no longo prazo. Ao custo de ter uma gasolina um real mais barata na bomba, que foi o que significou esse subsídio dado pelo governo Bolsonaro aos combustíveis, você cria uma série de distorções na economia”, critica.

Na segunda-feira (27/2), após o primeiro anúncio do Ministério da Fazenda de que os impostos sobre a gasolina e o etanol seriam retomados – mas ainda sem um detalhamento sobre a medida –, o mercado reagiu de forma cautelosa, como o Metrópoles mostrou.

No mercado financeiro, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, terminou o pregão desta terça em queda de 0,74%. A Petrobras, segunda maior empresa da Bolsa, recuou 4%, com reação negativa dos investidores à redução dos preços da gasolina e do diesel. O dólar fechou em alta.

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