“Rentista” é classe média que trabalhou para poupar, diz chefe do BC
Presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, rebateu o argumento de que o Brasil tem juros altos para “servir” aos rentistas
atualizado
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Sob ataque do presidente Lula e de seus apoiadores, o chefe do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, busca uma trégua. Em evento organizado pelo banco BTG Pactual na manhã desta quarta-feira (14/2), Campos Neto adotou o mesmo tom conciliatório da entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite anterior.
O presidente do BC disse ver com naturalidade as críticas do governo ao patamar dos juros e as discussões sobre a meta de inflação.
“É justo questionar os juros altos, e é importante ter alguém no governo que faça isso. Faz parte do jogo e do equilíbrio natural. É trabalho do Banco Central melhorar a comunicação sobre suas decisões. Eu reconheço que poderia ter feito isso de forma mais frequente e didática”, afirmou.
Por outro lado, Campos Neto buscou esclarecer um ponto frequente nos ataques que tem recebido. Membros do Partido dos Trabalhadores, como a deputada Gleisi Hoffmann, acusam o BC de manter “um arrocho de juros elevados” no Brasil, atendendo ao interesse de entes do mercado financeiro.
“Quem é o ‘rentista’? São as pessoa de classe média, que trabalharam, pagaram impostos e agora têm alguma poupança”, disse ele, a uma plateia de executivos.
Ele lembra que um dos fatores que leva o Brasil a ter uma taxa de juros elevada é justamente o indicador de poupança interna, considerado baixo para um país como o nosso.
“O desafio é como fazer para induzir aumento da poupança, e assim ter o dinheiro canalizado para atividades que geram um bom retorno para toda a sociedade”, afirma Campos Neto.