metropoles.com

Quem é Guilherme Mello, o secretário de Política Econômica de Haddad

Conhecido como um economista heterodoxo, o professor da Unicamp Guilherme Mello foi nomeado para Secretaria de Política Econômica por Haddad

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação/PT
Economista Guilherme Mello, professor da Unicamp
1 de 1 Economista Guilherme Mello, professor da Unicamp - Foto: Divulgação/PT

O economista Guilherme Mello será o novo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad. Mello é professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, e fez parte da equipe de transição do governo Lula.

Formado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP), ele é doutor em ciência econômica pela mesma universidade em que leciona. Mello fazia parte do quarteto de economistas indicado para auxiliar na discussão da PEC de Transição – ao seu lado estavam André Lara Resende, Pérsio Arida e Nelson Barbosa.

Mello faz parte do grupo chamado de “economistas da Unicamp”, conhecidos pela linha heterodoxa no pensamento econômico. Outro nome que está alinhado a essa lógica é o de Esther Dweck, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e indicada ao Ministério da Gestão do novo governo Lula.

Entre os principais pontos defendidos pelo novo secretário (e pelos economistas hetedoroxos) está a priorização da política social e um Estado com o papel de prover investimentos. Entre os adeptos há uma concepção crítica à noção de austeridade fiscal, ao menos nos moldes como os liberais a concebem, e o apreço por ideias de políticas industriais com base no protecionismo comercial.

Em resumo, trata-se de um ponto de vista que o PT gosta, mas que os agentes de mercado, em geral, abominam.

“O governo Lula terá, como sempre teve, compromisso com a responsabilidade fiscal. Mas esse compromisso não vai ser às custas dos mais pobres, da responsabilidade social”, disse Mello, em entrevista recente ao jornal Folha de S.Paulo.

Veja o que pensa Guilherme Mello em diferentes pontos:

Fiscal

O principal ponto defendido por Mello é o fim da regra do teto de gastos e a criação de um novo arcabouço fiscal, que ainda seria discutido entre o governo e Congresso. O economista tem evitado comentar o formato da nova regra, sob a alegação de que não há uma proposta definida.

No entanto, o professor da Unicamp defende de forma contumaz a necessidade de equilibrar os compromissos fiscais com políticas de distribuição de renda e de atendimento aos mais pobres.

“A preocupação do governo é […] coadunar responsabilidade fiscal com a social, incluindo os pobres no Orçamento, fazendo os muito ricos pagarem o Imposto de Renda que hoje não pagam e construindo políticas públicas capazes de retomar o desenvolvimento”, disse à Folha.

Aumento de impostos

Em entrevista ao portal Jota, Mello afirmou que não é parte da proposta de Lula aumentar impostos, mas o governo pretende aprovar uma reforma tributária.

O economista tem defendido o modelo da criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), proposta que faz parte do projeto de reforma tributária desenhado por Bernard Appy. Appy será secretário especial para a reforma tributária do ministério da Fazenda, como anunciou Haddad na semana passada. Já o projeto está parado no Congresso, mas poderá ser retomado no ano que vem.

Embora Mello tenha refutado a hipótese de aumento de tributos, antes de compor a equipe de transição o economista já advogou por um modelo de tributação progressiva. Dessa forma, os mais ricos pagariam impostos mais elevados sobre a renda, enquanto os tributos sobre o consumo seriam menores.

Reforma trabalhista

Em uma entrevista concedida no início do ano, Mello criticou a reforma trabalhista aprovada durante o governo de Michel Temer, sob a alegação de que a mudança de regras “ampliou a precarização” do trabalho. Segundo ele, os informais não teriam a cobertura previdenciária, o que é um problema para todo o sistema de seguridade.

“A nossa reforma trabalhista se inspirou na reforma trabalhista espanhola de 2012, que deu errado. Eles mudaram agora, e estamos em diálogo com eles”, disse Mello, em entrevista ao Correio Braziliense.

Petrobras e os combustíveis

Questionado sobre a política de preços da Petrobras e a isenção tributária aprovada em meados do ano pelo presidente Jair Bolsonaro para baratear a gasolina, diesel e etanol, o economista defendeu a permanência da desoneração, pelo menos no curto prazo.

“Não é prudente nenhum tipo de choque no primeiro momento. […] Acredito que num primeiro momento vai ter que avaliar qual é o cenário de preços e eventualmente manter a desoneração, e aí ir reavaliando, ver quais são as melhores alternativas”, disse Mello.

A política de subsídio aos combustíveis poderia gerar um custo extra de R$ 53 bilhões em 2023, valor que não está contemplado na PEC de transição. Ou seja: o governo poderá ter que ampliar o furo no teto de gastos para acomodar a isenção de impostos sobre os combustíveis.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?