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Quem é Esther Dweck, a nova ministra da Gestão?

Economista faz parte dos quadros do PT. Ela foi secretária de Orçamento no Ministério do Planejamento durante o governo de Dilma Rousseff

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Geraldo Magela/Agência Senado
Imagem colorida da economista Esther Dweck é cotada para Ministério do Planejamento de Lula concurso
1 de 1 Imagem colorida da economista Esther Dweck é cotada para Ministério do Planejamento de Lula concurso - Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A indicação de Esther Dweck para o Ministério da Gestão, na avaliação de especialistas ouvidos pelo Metrópoles, faz pender a balança do governo eleito para uma visão “desenvolvimentista”, ou mesmo “heterodoxa” da economia. O que isso quer dizer? Grosso modo, isso significa uma concepção crítica à noção de austeridade fiscal, ao menos nos moldes como os liberais a concebem, e o apreço por ideias de políticas industriais com base no protecionismo comercial. Em resumo, trata-se de um ponto de vista que o PT gosta, mas que os agentes de mercado, em geral, abominam.

Esther Dweck é um quadro petista. Doutora em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez parte do governo de Dilma Rousseff. À época, foi secretária de Orçamento do Ministério do Planejamento, na gestão da ex-ministra Miriam Belchior (2011–2015), que, agora, será secretária-executiva da Casa Civil de Lula. Na atual equipe de transição de governo, Esther participou do grupo técnico de Planejamento e Orçamento.

Um economista ouvido pelo Metrópoles, que pediu para não ter o nome citado, disse que, ao lado de Fernando Haddad e Aloizio Mercadante, o nome de Esther reforça a base ideológica do governo eleito. “Em geral, são pessoas a favor da intervenção do estado até por desacreditar em ideias neoliberais e nas forças do mercado como fontes de equilíbrio do processo de desenvolvimento”, diz.

O economista e consultor Alexandre Schwatsman, um dos maiores críticos dessa linha de pensamento, observa que Esther, assim como Guilherme Mello, que coordenou a área econômica durante a campanha de Lula, foram coautores de um texto publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, em setembro de 2019, que resultou na publicação de uma correção por parte do jornal. O título do texto era “Por que cortar gastos não é a solução para o Brasil ter crescimento vigoroso?”.

Esther organizou recentemente, ao lado de Pedro Linhares Rossi e Ana Luíza Matos de Oliveira, o livro “Economia pós-pandemia: Desmontando os mitos da austeridade fiscal e construindo um novo paradigma econômico no Brasil”. Nessa mesma linha, publicou o artigo “Descontrole ou inflexão? A política fiscal do governo Dilma e a crise econômica”, assinado com outra dupla de economistas, Emilio Chernavsky e Rodrigo Alves Teixeira.

O texto analisa a trajetória da economia brasileira na primeira metade da década de 2010. O trio defende que o descontrole dos gastos públicos não foi o responsável pela deterioração fiscal no país naquela ocasião, que teria conduzido à piora das expectativas dos agentes e à queda dos investimentos. Para o grupo, essa tese defendida pela “ortodoxia” difundiu-se largamente, “impulsionada pelo amplo espaço recebido nos meios de comunicação”.

Para os economistas de viés heterodoxo, contudo, Esther Dweck é uma referência. “Trata-se de um quadro fantástico”, diz o economista Pedro Passos, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Ela conhece a máquina pública, entende de orçamento como ninguém, é brilhante, tem uma baita capacidade de análise da conjuntura econômica e é muito sólida teoricamente.”

As atribuições de Esther à frente do novo Ministério da Gestão ainda não estão claras. A pasta surge como um desmembramento do antigo Ministério do Planejamento, posto para o qual ela também foi cotada. Em tese, a economista deve acompanhar a execução dos gastos previstos na peça orçamentária do governo federal.

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