Queda de preços: o que é deflação e quais seus efeitos sobre a economia
Deflação a queda média de preços de produtos e serviços, de forma contínua. Em alguns casos, ela pode ser um problema para a economia
atualizado
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Pela primeira vez em nove meses, o Brasil registrou deflação em junho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, recuou 0,08% no mês passado.
Mas, afinal, o que é deflação? E quais são seus principais efeitos sobre a economia?
Em linhas gerais, chama-se de deflação a queda média de preços de produtos e serviços, que ocorre de forma contínua. Trata-se de uma “inflação negativa” – ou seja, abaixo de zero.
No caso do IPCA de junho, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quatro dos nove grupos de preços pesquisados tiveram queda, enquanto cinco registraram variação positiva (veja tabela completa abaixo).
Portanto, é possível dizer que a deflação de junho no Brasil não foi uma queda generalizada de preços, mas um resultado pontual, impulsionado pelo recuo de grupos como alimentação e bebidas (-0,66%), transportes (-0,41%), artigos de residência (-0,42%) e comunicação (-0,14%).
No acumulado de 12 meses até junho, por exemplo, o IPCA ainda apresenta uma variação positiva de preços, de 3,16%.
Efeitos sobre a economia
Uma deflação pode ser pontual ou estrutural, o que implica efeitos benéficos ou prejudiciais para a economia de um país, dependendo de suas origens e de sua duração.
Em um primeiro momento, a queda de preços é positiva para o consumidor, que vê seu poder de compra aumentar em relação a alguns produtos ou serviços.
Uma deflação mais duradoura, no entanto, pode ser um risco para a economia. Com expectativa por queda constante de preços, as pessoas tendem a adiar as compras, o que pode desaquecer o mercado.
É o que o mercado teme que esteja ocorrendo na China, a segunda maior economia do mundo. Como noticiado pelo Metrópoles, O índice de preços ao consumidor na China (CPI, na sigla em inglês) recuou 0,2% em junho, na comparação com maio, de acordo com dados da agência oficial de estatísticas do país.
Em relação ao mesmo período do ano passado, a inflação na China ficou estável, com variação nula.
Segundo analistas, o resultado é explicado justamente pela redução das compras por parte da população chinesa, enquanto as exportações perdem fôlego diante da desaceleração da economia global.
O dado fraco de inflação na China preocupa o mercado porque indica que o gigante asiático pode não conseguir cumprir sua meta de crescimento econômico neste ano, fixada em 5%, o que certamente terá repercussão em escala global.
A queda generalizada de preços pode significar que o poder de compra da população está diminuindo e que os comerciantes e prestadores de serviços estão cortando seus ganhos para tentar aquecer a demanda.
Veja a variação de todos os grupos pesquisados pelo IBGE em junho:
- Habitação: 0,69%
- Despesas pessoais: 0,36%
- Vestuário: 0,35%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,11%
- Educação: 0,06%
- Comunicação: -0,14%
- Transportes: -0,41%
- Artigos de residência: -0,42%
- Alimentação e bebidas: -0,66%