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Quebra de banco nos EUA revive fantasma da crise de 2008; entenda

O Silicon Valley Bank (SVB), um dos 20 maiores bancos dos EUA, avaliado em US$ 40 bilhões, entrou em colapso após ficar sem caixa

atualizado

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placa mostra avenida Wall Street nos Estados Unidos
1 de 1 placa mostra avenida Wall Street nos Estados Unidos - Foto: Reprodução

O Silicon Valley Bank (SVB), avaliado em US$ 40 bilhões (cerca de R$ 200 bilhões), entrou oficialmente em processo de falência. O banco americano, especializado no segmento de startups e empresas de tecnologia, ficou sem caixa após uma corrida de saques de clientes.

Oficialmente, o SVB foi a maior instituição financeira dos Estados Unidos a entrar em falência desde o caso do Lehman Brothers, de 2008. Na ocasião, a derrocada do banco criou uma crise no setor de hipotecas americano.

Ao longo dos meses seguintes, o problema, que parecia pontual, contaminou outras instituições financeiras e obrigou o governo dos Estados Unidos a intervir. O efeito foi a pior recessão da história do capitalismo, desde a Grande Depressão de 1929.

Dado o tamanho do problema atual, especialistas temem que a crise do SVB siga os passos da derrocada do Lehman Brothers e alcance outros setores da economia. A preocupação é relevante, uma vez que os juros nos Estados Unidos estão no maior patamar desde 2008.

Entenda o caso

O banco passava por apuros desde o ano passado, uma vez que o cenário de aumento de juros é desfavorável para as empresas de tecnologia, principais clientes do SVB. Negócios de startups e empresas de alto crescimento demandam muito capital e, por isso, taxas mais elevadas encarecem o custo de captação e rolagem de dívidas.

Nesse quadro, as empresas precisam gerar mais recursos para pagar os custos financeiros ou reduzir as dívidas. Contudo, a maior parte das startups não atingiu o breakeaven (quando receitas se igualam a despesas operacionais, apontando para o lucro ), o que agrava a situação financeira e aumenta o risco de inadimplência.

Para piorar, nos Estados Unidos os títulos de crédito bancário e de dívida pública são prefixados (ou seja, a taxa de retorno é definida de acordo com os juros no momento do investimento). Quando a taxa básica de juros sobe, muitos investidores decidem resgatar as aplicações de forma antecipada e reaplicar o dinheiro com as taxas atuais, que estão maiores.

“Investidores (de bancos) parecem estar preocupados que os clientes possam sacar os depósitos para aproveitar as taxas maiores de títulos de curta duração”, observou o banco UBS, em um relatório divulgado nesta semana.

Diante disso, a carteira do SVB começou a se deteriorar. Analistas do setor financeiro começaram a produzir alertas sobre essa situação e os clientes correram para sacar recursos depositados, temendo uma insolvência do banco. A corrida pelos saques reduziu o caixa e empurrou o SVB de vez para a falência.

O que acontece com os clientes do SVB?

Assim como no Brasil, nos Estados Unidos há um fundo que assegura os depósitos de correntistas, até determinado limite, em caso de falência de instituições financeiras. Aqui, esse fundo se chama Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Nos Estados Unidos, trata-se do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC).

Os clientes do SVB cobertos pelo FDIC terão seus recursos cobertos e devolvidos. Algumas empresas que tinham recursos acima do limite definido pelo fundo ou que eram donas de títulos não segurados deverão arcar com o prejuízo.

Os analistas do UBS não acreditam em pane sistêmica no setor financeiro, principalmente porque, depois da crise de 2008, os bancos americanos foram obrigados a adotar regras mais rígidas de liquidez.

“Desde a crise financeira global (de 2008), os bancos foram obrigados a manter seus índice de cobertura de liquidez acima de 100%, detendo ativos de alta qualidade suficientes para atender a eventuais saques massivos. Na prática, isso significa que os bancos detêm altas quantidades de títulos do Tesouro dos EUA”, dizem os analistas do UBS.

Títulos do Tesouro dos Estados Unidos nada mais são do que títulos da dívida pública americana, considerados o ativo mais líquido e seguro do mundo.

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