Produção industrial fica estável em dezembro, mas fecha 2022 em queda
No acumulado do ano passado, a produção industrial recuou 0,7%, segundo dados divulgados pelo IBGE
atualizado
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A produção industrial no Brasil não registrou variação em dezembro do ano passado, na comparação com novembro, mas fechou 2022 em queda. É o que mostram os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PMI), divulgados nesta sexta-feira (3/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado do ano passado, a produção industrial recuou 0,7%. Em 2021, o setor havia registrado alta de 3,9%.
Com o resultado, a indústria brasileira se situa 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia de Covid-19, em fevereiro de 2020. A produção industrial está 18,5% abaixo do nível recorde da série histórica, alcançado em maio de 2011.
Indústria “patina”
Reportagem publicada pelo Metrópoles em janeiro mostrou que alta carga tributária, burocracia, problemas de infraestrutura, custo de energia elevado e efeitos da crise sanitária enfrentada pelo país e pelo mundo durante a pandemia são alguns dos fatores apontados pelo setor industrial para explicar por que a indústria brasileira vem “andando de lado” e não consegue deslanchar, amargando uma estagnação que já dura algum tempo.
“A indústria tem crescido muito lentamente, tem andado de lado. Quando comparamos os últimos seis meses com os seis meses imediatamente anteriores, percebemos um crescimento muito tímido, abaixo de 1%”, lamenta o gerente-executivo de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Sérgio Telles.
“Basicamente, o que explica esse desempenho ruim é que os setores mais dependentes de crédito já estão sentindo bastante o aumento da taxa de juros”, prossegue Telles. “Tem uma parte do setor industrial que depende muito de financiamento para escoar a produção e para vender. O comércio que vende esses produtos tem tido um desempenho pior, o que se reflete na produção industrial.”
Diagnóstico semelhante tem o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Igor Rocha. Para ele, a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% ao ano – a maior desde janeiro de 2017 – é a grande vilã para o segmento industrial.
“A variável mais importante para explicar essa desaceleração, sem dúvida, é o aperto monetário. A indústria de transformação e a construção civil, por exemplo, são setores muito sensíveis aos juros”, explica.
Em reunião com a diretoria da Fiesp no dia 30 de janeiro, o presidente da entidade, Josué Gomes da Silva, criticou as altas taxas de juros da economia brasileira e pediu a redução da carga tributária para o setor.