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Procon-MG multa Netflix em R$ 11 milhões por “cláusulas abusivas”

Órgão de defesa do consumidor contesta, entre outros pontos, a cobrança de taxa por ponto adicional feita pela rede de streaming

atualizado

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Homem apontando controle remoto para a TV com uma logo da Netflix
1 de 1 Homem apontando controle remoto para a TV com uma logo da Netflix - Foto: Unplash

O Procon de Minas Gerais multou administrativamente a Netflix em R$ 11 milhões. A penalização foi divulgada na quinta-feira (11/7) e está centrada em “cláusulas abusivas no contrato de prestação de serviços e nos termos de privacidade”.

O documento divulgado pelo órgão do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) cita, que,  “entre as irregularidades, estariam: publicidade enganosa, falta de informação adequada”, além da exigência de “vantagem excessiva” frente o consumidor. Consultada pelo Metrópoles, a empresa informou que não iria se manifestar sobre o caso.

A decisão administrativa define como ilegal a cláusula do contrato que exime a Netflix de responsabilidade em relação ao consumidor, contrariando o Código de Defesa do Consumidor. 

Também seriam abusivos termos contratuais relativos à privacidade, que preveem a divulgação ilimitada dos dados do consumidor sem a anuência dele. “Ao fazer isso, o fornecedor incorre em infração, pois condiciona a contratação do serviço à cessão do direito de utilização de dados”, disse o promotor de Justiça Fernando Abreu.  

Audiência prévia

Antes de aplicar a multa, o órgão de defesa do consumidor informou ter realizado, em 2023, uma audiência com a empresa para discutir cláusulas contratuais e termos de privacidade. Na ocasião, para solucionar o caso, foi proposto um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mas a Netflix não aceitou o acordo.  

Em maio de 2023, conforme a decisão administrativa, a Netflix anunciou aos assinantes a cobrança de taxa por ponto adicional, alegando que seus serviços são de uso pessoal e intransferível, destinados apenas ao assinante e às pessoas que residem com ele, sendo devido, o pagamento por ponto extra, fora da residência principal.

Múltiplas residências

Mas, segundo a decisão administrativa, uma pessoa pode ter múltiplas residências, e seu domicílio pode ser considerado em qualquer uma delas, nos termos do Código Civil. “Ilegalmente, o fornecedor se apropria do termo residência e promove uma redefinição de seu conteúdo, fugindo não somente à concepção legal, mas também da concebida por qualquer consumidor”, afirmou o promotor de Justiça.

Segundo o representante do MPMG, “se um serviço de streaming de música, por exemplo, utilizasse o mesmo modelo adotado pela Netflix, não se poderia sequer escutar música enquanto dirige. Logo, o novo sistema de cobrança utilizado contraria a própria publicidade, que preconiza: ‘Assista onde quiser’”.

Compartilhamento de senhas

“É perfeitamente possível vedar, contratualmente, o compartilhamento de senhas e os acessos simultâneos. O que não se revela razoável, por ferir a legalidade, é o uso do termo ‘residência’ para restringir o acesso à plataforma, gerando prejuízo ao exercício do direito do consumidor”, afirmou Fernando Abreu. 

Segundo a decisão administrativa, a empresa criou também em seus termos de uso o conceito de “Residência Netflix”, promovendo de forma abusiva uma redefinição restritiva do termo residência, o que possibilitou que disponibilizasse conteúdo menos amplo ao consumidor. 

“Residência Netflix”

Uma conta Netflix só poderia ser compartilhada por pessoas que moram na mesma residência. E para gerenciar quem usa a conta, é preciso definir a “Residência Netflix”, composta por uma coleção de aparelhos conectados a uma mesma internet. Todos os aparelhos que usam a conta Netflix na mesma conexão com a internet fazem parte dessa residência Netflix. 

“A definição revela-se imprópria, primeiro, por impor que as pessoas morem na mesma residência, afastando-se das modernas compreensões de família, que não impõe a coabitação. Segundo, por promover a redefinição de residência para compreender uma ‘coleção de aparelhos’, em prejuízo ao consumidor. Terceiro, por impor que os aparelhos estejam conectados à mesma conexão de internet, ignorando a própria publicidade (Assista onde quiser) e o fato de que os consumidores possuem o direito, ainda que estando no mesmo local, utilizarem redes de internet distintas, como as do celular”, disse Abreu.

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