metropoles.com

Prestes a ser reestruturado, DPVAT tem fundo escasso e futuro incerto

Em 2022, o presidente da Susep, responsável por fiscalizar o setor de seguros, disse que os recursos do DPVAT durariam só mais um ano

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
dpvat
1 de 1 dpvat - Foto: null

Embora o governo Lula resista em admitir essa realidade, para manter o seguro de trânsito de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), será necessário abastecer o fundo com novos recursos. A arrecadação do fundo para acidentes está congelada desde 2021, quando havia cerca de R$ 4 bilhões acumulados nas contas.

Na época, além de ser congelado, o DPVAT passou para as mãos da administração da Caixa Econômica Federal. A completa mudança no modelo e nos fundos do seguro de acidentes foi fruto da briga política entre o então presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Luciano Bivar (União), que presidia o PSL, antigo partido de ambos.

Na mesma época em que Bolsonaro rompeu com o presidente da sigla que o elegeu, o governo retirou o consórcio Líder (composto por seguradoras privadas) da gestão do DPVAT. Bivar era sócio da Excelsior, seguradora que representava 2% do consórcio que administrava os recursos do seguro acidente.

A justificativa para a retirada da Líder do controle do DPVAT foi uma investigação de supostas fraudes na administração de recursos. Em janeiro de 2021, o Tribunal de Contas da União (TCU) afirmou ter encontrado uma série de irregularidades cometidas pelo consórcio, como o favorecimento indevido de membros da alta administração da Seguradora Líder, inclusive pessoas politicamente expostas (que não tiveram nomes citados) e até a tentativa de barrar auditorias internas e externas nas contas do seguro.

Futuro incerto

A troca de governo parece ter deixado para trás a rusga política na administração do seguro contra acidentes, mas não definiu o futuro do DPVAT. Na semana passada, o secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto, disse que o governo vai reconstruir a “arquitetura” do DPVAT ainda neste ano.

Embora a assessoria do Ministério da Fazenda tenha afirmado que o secretário “não se referiu, em nenhum momento, ao retorno da cobrança do seguro de trânsito” em 2024, o governo deverá complementar o fundo do DPVAT com recursos de alguma origem – seja pela volta da cobrança da taxa dos motoristas no ano que vem, seja por algum remanejo orçamentário.

No ano passado, a Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia responsável por fiscalizar o setor, já havia alertado para a escassez de recursos no fundo. O então presidente da entidade, Alexandre Camillo, disse que havia dinheiro suficiente para custear apenas mais um ano de indenizações e pediu que o modelo de gestão do fundo fosse repensado. Camillo foi substituído por Alessandro Octaviani, ex-membro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Procurada pelo Metrópoles, a Susep não confirmou se há disponibilidade de recursos para pagamento dos seguros e das indenizações do DPVAT para além de 2023. A autarquia disse apenas, em nota, que “aguarda a apreciação, pelo Poder Legislativo, da Medida Provisória 1149/22, que objetiva manter a operação na Caixa Econômica Federal para os acidentes que estão ocorrendo neste ano de 2023” e que “tem participado da elaboração de estudos e projeções para propor alternativas para a questão dos danos pessoais causados por veículos”.

É possível, no entanto, que o seguro volte a ser administrado por um consórcio, saindo das mãos da Caixa. A proposta de gestão pelo banco público era provisória, mas acabou durando três anos. A Caixa foi escolhida à época para administrar o DPVAT por sua capacidade de realizar pagamentos a um público amplo, mas é fato que o negócio principal da Caixa não é o setor de seguros.

Um exemplo de quão interina tem sido a gestão do banco público do seguro de acidentes é que o governo Bolsonaro precisou, às pressas, editar uma Medida Provisória nos últimos dias de dezembro para garantir que a Caixa pudesse administrar o DPVAT em 2023. A expectativa do setor é que uma resolução definitiva saia ainda neste ano.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNegócios

Você quer ficar por dentro das notícias de negócios e receber notificações em tempo real?