Presidente da Fiesp afirma que taxas de juros são “pornográficas”
Josué Gomes da Silva falou em evento do BNDES. Nesta semana, o Banco Central fixa o novo valor da Selic. Tendência é manter os atuais 13,75%
atualizado
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O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Josué Gomes da Silva, definiu como “pornográficas” as taxas de juros vigentes no Brasil, cuja base, a Selic, está fixada em 13,75% ao ano pelo Banco Central (BC). A afirmação foi feita nesta segunda-feira (20/3), durante o seminário “Estratégias de desenvolvimento sustentável para o século XXI”, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio.
No encontro, Silva disse que “muitos querem associar” o atual nível da Selic a um “problema fiscal”. Mas ele considera tal justificativa “inconcebível” num “país com a riqueza do Brasil, que tem uma dívida bruta de 72% ou 73% do PIB e reservas cambiais da ordem de 17% ou 18% do PIB”. “Essa não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros que praticamos no Brasil”, afirmou. “Se não abaixarmos (os juros), de nada adiantará fazermos políticas industriais”.
O setor produtivo brasileiro tem feito críticas permanentes ao patamar da Selic, cuja consequência, entre outras, é a redução do crédito no país. Para economistas e agentes do mercado, porém, a taxa não pode baixar até que a inflação dê sinais claros de queda. Algo que ainda não ocorreu.
Nesse contexto, a Selic também é alvo de uma disputa política entre o governo Lula e o Banco Central. Lideranças petistas tentam pressionar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a diminuir a taxa. Nesta semana, entre terça (21/3) e quarta (22/3), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC realizará uma reunião para definir o valor da taxa básica de juros no Brasil para os próximos dois meses. Para a maior parte dos especialistas, ela não deve ser alterada.