Prates: “Petróleo não vai desaparecer de uma hora para outra”
Presidente da Petrobras diz que empresa apostará na transição energética, mas não abandonará a preocupação com os combustíveis fósseis
atualizado
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Em sua primeira entrevista coletiva como presidente da Petrobras, nesta quinta-feira (2/3), o ex-senador Jean Paul Prates afirmou que a nova administração da companhia apostará na transição energética, mas não abandonará a preocupação com os combustíveis fósseis, como petróleo, carvão mineral e gás natural.
“A produção de óleo e gás ainda precisará prover a energia necessária ao planeta e, sobretudo, ao país e à sociedade brasileira. A produção de petróleo não vai desaparecer de uma hora para outra. Durante algumas décadas, ainda conviverão as energias de fontes fósseis e as renováveis”, disse Prates.
Segundo o presidente da Petrobras, a nova gestão promoverá uma “transição energética justa, que não deixe ninguém para trás”. “A transição energética não pode deixar a base da pirâmide mais pobre, enquanto uma minoria fica mais rica. Vamos buscar diversificação, mas de forma sólida e sustentável”, ressaltou Prates.
“Vamos enfrentar ceticismo daqueles que esperam o afastamento urgente dos combustíveis fósseis”, prosseguiu o novo comandante da Petrobras. “Vamos apresentar oportunamente um planejamento estratégico para fortalecer a empresa”.
A defesa da produção de petróleo foi uma bandeira encampada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha eleitoral. Lula prometeu, inclusive, voltar a investir em refinarias para reduzir a dependência da importação de combustíveis do exterior. Trata-se da mesma estratégia adotada em governos anteriores do próprio do PT – os resultados não foram bons e a medida é contestada por especialistas, como o Metrópoles mostrou.
David Zylbersztajn, ex-diretor geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e um dos maiores especialistas do país na área de energia, entende que a prioridade do governo brasileiro deveria ser apostar em fontes alternativas de energia, como a solar e a eólica, seguindo as melhores práticas adotadas pelos países mais desenvolvidos. De pouco impacto negativo no meio ambiente, as chamadas energias limpas se transformaram em alternativas às fontes tradicionais, como petróleo ou carvão.
“Estamos indo na contramão do que o mundo faz. Temos meios de reduzir nossas emissões, ao contrário do que está se propondo, que é subsidiar as emissões usando dinheiro público. Não faz o menor sentido”, criticou Zylbersztajn, em entrevista ao Metrópoles, em janeiro.