Poupança registra retirada recorde de recursos em 2022
A diferença entre depósitos e saques de contas da poupança ficou negativa em R$ 103,2 bilhões, o pior resultado da história
atualizado
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Para a poupança, 2022 foi um ano histórico. No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo entre os depósitos e saques de recursos das contas da caderneta ficou negativo em R$ 103,2 bilhões. Foi o pior resultado anual da série histórica do Banco Central.
Os depósitos da modalidade somaram R$ 3,6 trilhões, e os saques foram de R$3,7 trilhões. Os recursos da poupança são utilizados pelos bancos principalmente para financiar linhas do crédito imobiliário e projetos de infraestrutura.
Em dezembro, a caderneta registrou um saldo positivo de R$ 6,2 bilhões. O mês costuma ser de depósitos maiores do que saques, em razão do pagamento do 13º salário para os trabalhadores da iniciativa privada.
O resultado negativo de 2022 superou o de 2015, quando as contas da poupança registraram saques de R$ 53 bilhões. Naquele ano, assim como agora, o principal motivador de saídas foi a Selic elevada.
Rendimento da poupança em 2022
Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, o rendimento da caderneta é de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), um indicador estabelecido pelo Banco Central que flutua mensalmente. Quando a Selic está abaixo de 8,5%, a poupança rende 70% da taxa básica de juros mais a TR.
Embora seja isenta de impostos, a caderneta está lucrando menos do que outras aplicações de renda fixa de mesmo perfil de risco, como CDB, LCI e Tesouro Selic.
Segundo dados da calculadora do Banco Central, enquanto o rendimento da poupança foi de 7,1% em 2022, o CDI (indicador usado para corrigir aplicações de renda fixa) foi de 12,4% no mesmo período. Qualquer investimento com retorno superior a 100% do CDI, como oferece a maior parte dos títulos de renda fixa, legou ao investidor um lucro maior.
A queda nos rendimentos foi um dos fatores para o saldo negativo da poupança. Outro foi a alta da inflação e o encolhimento da renda dos brasileiros. Com o orçamento mais apertado, muitas famílias foram obrigadas a recorrer ao dinheiro guardado para custear dívidas e despesas do dia-a-dia.