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Por que os estrangeiros sacaram quase R$ 30 bilhões da Bolsa em 2024

Somente em abril, saldo negativo da atuação desses investidores na B3 já está em R$ 7,55 bilhões. Até o fim de 2023, situação era inversa

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1 de 1 imagem colorida painel com cotações bolsa de valores - Metrópoles - Foto: Cris Faga/NurPhoto via Getty Images

A retirada líquida de recursos da Bolsa brasileira (B3) por parte de investidores estrangeiros chegou a R$ 29,4 bilhões em 2024, considerados dados quarta-feira, 17 de abril. Neste mês, o saldo da movimentação desse mesmo grupo está negativo em R$ 7,55 bilhões.

Para analistas, boa parte dessa debandada de valores está relacionada à política monetária dos Estados Unidos. A economia americana dá sucessivos sinais de aquecimento, o que faz com que a perspectiva de cortes na taxa de juros do país, hoje fixados no intervalo entre 5,25% e 5,50%, seja cada vez mais distante.

Nesse cenário, com juros nas alturas na economia americana, aumenta o interesse dos investidores pelos títulos da dívida dos EUA, os Treasuries – considerados os mais seguros do mundo. Em contrapartida, ativos de renda variável com maior risco, como as ações negociadas em bolsa perdem atratividade, especialmente em países emergentes como o Brasil.

Afrouxamento fiscal

Além disso, observam analistas, as recentes mudanças na política fiscal do Brasil também têm interferido na decisão dos investidores. Nesta semana, por exemplo, o governo federal baixou o sarrafo da meta fiscal para 2025 e 2026.

No próximo ano, em vez de um superávit primário (saldo positivo entre gastos e despesas do governo, sem contar o pagamento dos juros da dívida pública) de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) a nova previsão é de um resultado zero, com eventual déficit de 0,25% do PIB. Para 2026, a estimativa de saldo positivo caiu de 1% para 0,25% do PIB.

Reversão de aportes

A postura dos investidores internacionais em relação à B3 mudou desde o fim do ano passado. Nesse caso, 2023 encerrou com um aporte líquido de R$ 44,85 bilhões. Na ocasião, o mercado apostava em uma queda dos juros americanos em março, daí o resultado positivo.

Com a mudança da projeção, houve saques líquidos de R$ 22,9 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Essa retirada foi a maior registrada num período de três meses desde o terceiro trimestre de 2021, quando o grupo de não residentes, como são chamados os investidores internacionais no jargão, vendeu R$ 23,7 bilhões em ações na Bolsa brasileira.

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