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Por que o preço das passagens aéreas subiu tanto nos últimos meses

Após serem afetadas por pandemia de Covid-19, companhias tentam recompor as margens e absorver custos mais altos com combustível e dólar

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1 de 1 Imagem colorida de avião chegando a Brasília - metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Quem voltou a viajar no último ano, após a flexibilização das medidas sanitárias adotadas no auge da pandemia de Covid-19, já percebeu que o custo das passagens aéreas aumentou.

Dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam uma alta média de 30% no valor dos bilhetes no período, mas a depender do trecho e da data, o valor chega a ser duas ou três vezes maior do que o encontrado antes de 2020.

É fato que a inflação afetou o custo de vida na maior parte do mundo, mas a disparada das viagens supera até mesmo a média dos índices de preços. As companhias aéreas alegam que o custo também subiu mais do que a inflação média, em razão de uma série de fatores.

O primeiro foi o aumento dos combustíveis. Não bastasse o aumento do preço do petróleo, o próprio querosene que abastece as aeronaves ficou mais caro. O custo do combustível era 14% maior do que o do petróleo cru, antes da pandemia. Agora, o produto refinado custa 55% mais do que o insumo.

Isso causou um peso no caixa das companhias. Enquanto o combustível representava cerca de 30% dos custos das empresas até 2020, agora essa participação é de mais de 40%, de acordo com dados da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), que reúne as principais aéreas atuantes no Brasil e na América Latina.

“O querosene de aviação tem sido historicamente mais caro no Brasil do que no resto do mundo. Entre as principais razões para essa diferença está a forma de precificação adotada, as questões tributárias e uma distribuição (do combustível) que ainda precisa melhorar, em termos de eficiência”, afirma José Ricardo Botelho, presidente da Alta.

Câmbio e margens

Outro ponto, diz o executivo, é o câmbio. A maior parte das companhias aluga as aeronaves de empresas de leasing e, mesmo no mercado local, esses contratos são negociados em dólares. Quando o real perde valor, o custo operacional das companhias aumenta. Para piorar, parte da dívida dessas empresas também está em moeda estrangeira.

No período em que as restrições impediram as decolagens no mundo todo, as companhias mantiveram os contratos de locação, mesmo com as aeronaves paradas em solo. Com as vendas congeladas e os pagamentos ainda em vigência, o efeito sobre o endividamento foi explosivo. Apenas nos últimos meses empresas como Azul e Gol conseguiram renegociar os débitos acumulados ao longo dos últimos anos.

Por fim, há um efeito de recomposição de margens. Apesar do preço elevado dos bilhetes, o setor aéreo é conhecido como um dos que opera com margens mais apertadas. Ao longo dos últimos anos, esse cenário se agravou, pela redução na venda de passagens e pela alta dos custos.

Com a retomada da demanda, as empresas tentam recuperar parte do prejuízo. Os dados da Alta e da própria Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que a busca por viagens está perto do nível pré-pandemia, mas o próprio preço dos bilhetes é um entrave para que o consumidor volte a voar.

“Em 2023 podemos alcançar números interessantes de crescimento, mas vemos que a região precisa se tornar mais competitiva para alcançar uma recuperação plena”, observa Botelho, da Alta.

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