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Por que o mesmo carro custa R$ 69 mil no Brasil e R$ 46 mil no México

Essa diferença vale para o Renault Kwid, um dos veículos mais baratos do mercado brasileiro. Veja outras comparações

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Dados da consultoria Jato, especializada no setor automotivo, mostram uma diferença nada desprezível entre os preços de veículos vendidos no Brasil e no México. Aqui, por exemplo, um Renault Kwid, um dos carros mais baratos do mercado, custa R$ 68.990,00. Para os mexicanos, o mesmo modelo sai por 46.130,71, uma diferença de R$ 22.859,29.

Disparidades da mesma magnitude – ou maiores – também valem para o Toyota Corolla Cross e o Volkswagen Nivus (veja quadro abaixo). A questão é definir por que elas ocorrem, principalmente, numa comparação com um país emergente, com desafios econômicos similares aos brasileiros, como é caso do México.

Além do mais, a discussão sobre o preço dos automóveis ganhou relevância, depois do anúncio feito pelo governo federal de medidas para esquentar o mercado automotivo no país, com o “carro popular”.

De acordo com Milad Kalume Neto, diretor da Jato Brasil, a lista de fatores que desembocam nessa diferença de preços começa pelos impostos. Aqui, os tributos representam entre 30% e 50% do valor final dos veículos. O percentual varia de acordo com o modelo. Os mais baratos são menos taxados. No México, a mordida do governo é de cerca de 16%.

Há mais, contudo. “O chamado ‘custo Brasil’ também encarece os produtos nacionais”, diz Kalume Neto. “Custo Brasil” é a expressão usada para definir o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que incidem sobre os negócios no país. “A logística nacional é precária e onera o frete, por exemplo.”

Demanda

Segundo o consultor da Jato, há ainda o fator demanda. Nesse caso, o setor automotivo do México vale-se da proximidade com os Estados Unidos para manter um volume de produção sustentável, o que, na média, resulta em preços mais competitivos. “A produção mexicana voltada à exportação é três ou quatro vezes maior do que a direcionada para o mercado local”, afirma Kalume Neto. “No Brasil, dá-se o contrário. Ela se concentra fortemente no consumo interno.”

“O fato é que o brasileiro ainda gosta de carro”, diz o consultor. “Assim, as montadoras fixam valores próximos a R$ 70 mil para veículos de entrada e eles encontram compradores. Isso também ajuda a sustentar preços elevados.”

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