Por que o “agro é pop” e a indústria não, segundo o presidente Fiesp
Em evento, Josué Gomes da Silva queixou-se da carga tributária e questionou: “Por que não um “Plano Produção?”, à semelhança do Plano Safra
atualizado
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O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, comparou, na manhã desta segunda-feira (20/3), a situação do agronegócio com a da indústria de transformação no Brasil. Para ele, o agro, “que é pop, que é tech, que é tudo”, conta com privilégios concedidos pelo governo, como subsídios, que não são estendidos ao setor industrial.
Silva observou, em evento realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio, que a indústria já foi a “locomotiva do desenvolvimento nacional”, mas perdeu tal posição nas últimas três décadas. “Infelizmente, regredimos de cerca de 30% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma de riquezas do país) para cerca de 11% ou 12% do PIB”, afirmou.
Ele notou ainda que o setor industrial brasileiro já alcançou 56% da produtividade do americano e, agora, tem cerca de 25%. Mas essa queda, acrescentou, ocorreu por causa de “circunstâncias altamente negativas impostas” ao segmento. “Em primeiro lugar, uma carga tributária que fez com que a indústria passasse a recolher 30% do total de impostos do Brasil. Da renda adicionada, do valor agregado pela indústria, 45% são pagos sob a forma de impostos”, afirmou.
Em comparação, disse Silva, o agronegócio, que “aprendemos a admirar e a aplaudir”, “que é pop, que é tech, que é tudo”, paga 5% em impostos de valor agregado. “O agro dispõe de um Plano Safra que, só em subsídios de equalização de impostos, são R$ 13 bilhões por ano”, disse. “Gostaríamos de ter o mesmo tipo de tratamento. Por que não um ‘Plano Produção’?”.
No mesmo evento, o presidente da Fiesp definiu como “pornográficas” as taxas de juros vigentes no Brasil, cuja base, a Selic, foi fixada pelo Banco Central (BC) em 13,75% ao ano. Ele classificou o atual nível da taxa como “inconcebível”.