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Por que Magalu e Casas Bahia dispararam no último pregão da semana

No fechamento do mercado, na sexta-feira (3/11), as ações do Magalu subiram 12,03%. Os papéis das Casas Bahia, por sua vez, avançaram 17,39%

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1 de 1 Imagem colorida mostra a silhueta de uma mão segurando um celular e o logotipo do Magazine Luiza, escrito Magalu, ao fundo - Metrópoles - Foto: Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Dois gigantes do varejo brasileiro, Magazine Luiza e Casas Bahia, fecharam o pregão de sexta-feira (3/11), o último da semana, em forte alta.

No fechamento do mercado, as ações do Magalu subiram 12,03%, negociadas a R$ 1,49, a terceira maior alta da sessão. Os papéis das Casas Bahia, por sua vez, avançaram 17,39%, a R$ 0,54, o melhor desempenho do dia.

Na máxima da sessão, as ações do Magalu chegaram a subir 15,78%.

Otimismo sobre juros

O excelente resultado dos papéis de Magazine Luiza e Casas Bahia é explicado, entre outros fatores, por uma semana mais favorável no noticiário sobre a taxa de juros.

Na quarta-feira (1º/11), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu novamente a Selic em 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Foi o terceiro corte consecutivo dos juros básicos no Brasil – desde agosto, a taxa já caiu 1,5 ponto percentual.

No cenário externo, o otimismo também aumentou com a decisão do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) de manter os juros americanos no patamar entre 5,25% e 5,5% ao ano.

Embora seja o maior nível da taxa em 22 anos, ela se manteve inalterada pela segunda reunião seguida do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed.

Os dados de emprego dos EUA, divulgados na sexta-feira (3/11), também animaram o mercado. Em outubro, a maior economia do mundo criou 150 mil novas vagas de emprego fora do setor agrícola, abaixo do esperado. O consenso Refinitiv, que reúne as principais projeções do mercado, estimava a abertura de 180 mil vagas.

No mês anterior, foram gerados 336 mil postos de trabalho nos EUA.

Analistas temiam que uma aceleração do mercado de trabalho nos EUA levasse a um novo aperto da política monetária Fed. Nesse sentido, a criação de vagas abaixo das expectativas é interpretada como uma notícia positiva.

A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para desaquecer a atividade econômica, além de combater a inflação.

O forte desempenho da Bolsa de Valores do Brasil acompanhou o otimismo dos mercados no exterior. No último pregão da semana, o Ibovespa fechou em alta de 2,7%, aos 118 mil pontos.

Venda da divisão de seguros do Magazine Luiza

Além de tudo isso, no caso do Magazine Luiza, a conclusão da venda da divisão de seguros da varejista, a Luizaseg, para a NCVP Participações Societárias, também contribuiu para a disparada das ações.

O processo de venda havia sido iniciado em maio deste ano. O negócio foi fechado por R$ 160 milhões.

Apesar do excelente desempenho no pregão de sexta, tanto Magalu quanto Casas Bahia ainda acumulam perdas na Bolsa em 2023. No acumulado do ano, o Magalu registra queda de 45,6%. As Casas Bahia, de 77,5%.

Da máxima histórica à derrocada das ações

Como mostrou reportagem publicada pelo Metrópolesos papéis do Magazine Luiza tiveram, no início de outubro, um derretimento de 93,5%, atingindo o menor patamar em seis anos, desde 2017.

O Magazine Luiza parecia voar em céu de brigadeiro em meados de 2020, em meio ao “boom” do comércio eletrônico no início da pandemia de Covid-19. No dia 5 de novembro daquele ano, as ações da companhia foram negociadas a R$ 27,40, de acordo com levantamento do consultor de dados de mercado Einar Rivero.

Quase três anos depois da máxima histórica, no pregão de 6 de outubro de 2023, os papéis do Magalu eram vendidos por R$ 1,78, o que significa um derretimento de 93,5% em um período de 35 meses. Também foi o menor patamar em seis anos, desde dezembro de 2017.

“Para a ação chegar ao topo histórico, lá atrás, havia um cenário perfeito para o setor de varejo. Houve uma mudança cultural de comportamento do consumidor, com o uso muito maior do e-commerce do que das lojas físicas tradicionais. A empresa estava com uma estrutura mais bem montada para atender esse movimento. O Magalu estava pronto para surfar aquela tempestade perfeita e capitalizar”, explica Hugo Queiroz, especialista em investimentos e diretor de Corporate Advisory da L4 Capital.

Em três anos, observa Queiroz, muita coisa mudou tanto no mercado varejista quanto no cenário macroeconômico. “Viu-se que continuou aumentando o consumo por plataformas digitais, mas ainda usando boa parte do varejo tradicional. Nesse período, o cenário macroeconômico se deteriorou muito em termos de inflação e taxa de juros. Isso piorou o ambiente de consumo porque o crédito ficou mais caro e a maior parte das compras é a prazo”, diz.

A desconfiança dos investidores em relação ao Magalu aumentou diante dos resultados decepcionantes dos dois primeiros trimestres deste ano. Entre janeiro e março de 2023, a empresa acumulou um prejuízo líquido de de R$ 391,2 milhões – um aumento de 142,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o saldo negativo foi de R$ 161,3 milhões.

Já no segundo trimestre, o prejuízo líquido foi de R$ 301,7 milhões, subindo 123% em relação ao período entre abril e junho de 2022 (quando a companhia havia ficado no vermelho em R$ 135 milhões).

Para piorar, em agosto deste ano, a S&P Global – uma das três maiores agências de classificação de risco do mundo – reduziu a nota de crédito nacional do Magalu, que passou de “brAA+” para “brAA-”, com perspectiva negativa mantida.

Segundo a agência, o corte da nota de crédito se deve a patamares de alavancagem acima do esperado. Atualmente, o setor de varejo no país vive um momento difícil, impactado, principalmente, pela alta carga tributária.

A alavancagem é o uso de determinados recursos para aproveitar oportunidades de multiplicar os resultados. Em linhas gerais, ela funciona como um limite de crédito, possibilitando investimentos de valores maiores do que se tem em conta, o que gera algum endividamento.

Segundo os analistas da S&P, o processo de desalavancagem do Magazine Luiza deve durar mais do que o esperado inicialmente, diante das dificuldades do varejo.

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