Por que as montadoras de veículos estão parando no Brasil
Até 2021, o maior problema do setor era a falta de componentes, mas, agora, o principal entrave é a queda da demanda
atualizado
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Até 2021, as montadoras brasileiras foram obrigadas a reduzir a produção de veículos por causa de problemas setoriais, como a falta de componentes – no caso, os semicondutores, os chips, escassos em todo o mundo desde o início da pandemia. Agora, o ritmo da fabricação de automóveis voltou a cair no país, mas por outra razão. “A demanda está reduzindo”, diz o consultor Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, especializada no setor automotivo.
A venda esperada para janeiro de 2023 era de 144 mil carros. Ela ficou em 130 mil, porém, segundo dados do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). Em fevereiro, a expectativa era de comercialização de 131 mil automóveis, mas não ultrapassou os 120 mil. “Ou seja, houve uma redução de 25 mil unidades sobre a previsão para esses dois meses”, afirma Pagliarini.
Para o consultor, é por causa dessa redução que as fábricas estão dando férias coletivas para seus funcionários. “A falta de componentes ainda pode estar interferindo, pontualmente, na produção, mas, agora, o volume total está caindo por causa do poder aquisitivo das pessoas”, diz. “Os veículos também estão muito caros.”
Nesta segunda (20/3), a General Motors (GM) e a Hyundai anunciaram paralisações em suas linhas de montagem. A Hyundai informou que concederá férias coletivas de três semanas para os trabalhadores dos três turnos da unidade de Piracicaba, no interior de São Paulo. Ali, são fabricados os modelos HB20 e Creta. O motivo alegado para a interrupção foi o ajuste de estoques.
A partir de quarta-feira (22/3), a Stellantis dispensará por 20 dias os funcionários do segundo turno da fábrica da Jeep, em Goiana, em Pernambuco. Na semana seguinte, os trabalhadores do primeiro e terceiro turno param por dez dias. Nesse período, será interrompida toda a produção dos SUVs Renegade, Compass, Commander, além da picape Fiat Toro.
A GM vai suspender a produção da picape S10 e do SUV Trailblazer, em São José dos Campos (SP), entre 27 de março a 13 de abril.
Em fevereiro, a Volkswagen anunciou férias coletivas em três de suas quatro fábricas no Brasil. As unidades de São Bernardo do Campo (SP), São José dos Pinhais (PR) e São Carlos (SP) ficaram paradas por dez dias. Apenas a indústria em Taubaté, no interior paulista, continuou operando.