Por que as ações da Petrobras desabam, apesar do lucro ainda polpudo
Embora tenha caído em relação a 2022, os ganhos da Petrobras foram expressivos no ano passado. Problema concentra-se nos dividendos
atualizado
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A Petrobras divulgou, na noite de quinta-feira (7/3), um lucro de R$ 124,6 bilhões em 2023. É verdade que o resultado foi 33,8% pior do que o registrado em 2022, quando a empresa obteve ganhos de R$ 188,3 bilhões. Apesar da queda, notam analistas, o número apresentado não foi ruim. Mesmo assim, as ações da companhia estão derretendo na Bolsa brasileira (B3).
Para muitos analistas, porém, o problema da estatal não está centrado na redução do lucro, embora não se desvincule totalmente dele. O analista Einar Rivero, sócio da Elos Ayta Consultoria, observa que o lucro da estatal no ano passado foi o maior já registrado desde 2010. Ou seja, em 13 anos (até 2023), portanto. Isso, observe-se, em valores nominais, ou seja, sem considerar a inflação no período.
Além disso, acrescenta Rivero, a Petrobras continua a se destacar como uma das empresas mais lucrativas do setor petrolífero. Em 2023, ela manteve a posição de segunda companhia mais rentável do segmento, numa seleção de 13 grandes petrolíferas internacionais. O lucro da brasileira, de US$ 25,7 bilhões (na conversão para dólares), ficou atrás apenas da Exxon Mobil, que registrou ganhos de US$ 36 bilhões no mesmo período.
Em termos percentuais, a queda do lucro também não foi a mais expressiva. Longe disso. Ela ficou em 28,7% (em dólares), uma das menores baixas dentro da mesma amostra. “Apenas três empresas tiveram um desempenho melhor que a Petrobras”, diz Rivero. “Foram elas a Canadian Natural Resources, com queda de 23%, a EOG Resources dos EUA, com redução de 2,1%, e a BP que, após prejuízo no ano anterior, registrou crescimento da lucratividade.”
Dividendos
Se é assim, o que justifica tamanho tombo das ações, que resultaram na perda de R$ 53 bilhões de valor de mercado, somente nesta sexta-feira? “A estatal não vai fazer distribuição extraordinária de dividendos, como vem fazendo nos últimos anos”, afirma André Fernandes, líder da área de renda variável e sócio da A7 Capital. “E a questão dos dividendos extraordinários acendeu a luz vermelha para os investidores. É uma notícia negativa para os papéis da empresa.”
Os especialistas da Ativa Investimentos têm a mesma avaliação. “Temos uma leitura neutra para os resultados operacionais de Petrobras neste quarto trimestre de 2023”, afirmam, em relatório divulgado nesta sexta-feira (8/3). “Todavia, a opção do Conselho de Administração por reter todo o potencial de dividendos extraordinários deve se traduzir em grande decepção às ações.”