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A cotação do dólar abriu em alta nesta quarta-feira (12/6) e chegou a um pico de R$ 5,4286 no início da tarde, após declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o mercado, em evento no Rio de Janeiro, e em meio ao desgaste provocado pela devolução parcial pelo Congresso da polêmica medida provisória (MP) enviada pelo governo para compensar a desoneração da folha de pagamento de setores da economia.
A última vez que a moeda norte-americana havia passado da casa dos R$ 5,40 foi em dezembro de 2022, no período de transição entre os governos Bolsonaro e Lula.
Mais cedo, Lula disse que não consegue discutir economia sem “colocar a questão social na ordem do dia” e que o “mercado (financeiro) não é uma entidade abstrata, apartada da política e da sociedade”. A declaração ocorre em um momento em que os investidores estão cautelosos em relação à situação fiscal brasileira e aguardam a definição dos juros nos Estados Unidos, que será anunciada nesta tarde.
Segundo analistas, a subida do dólar, que estava cotado a R$ 5,38 por volta das 13h30, é também uma reação ao ambiente político interno, com os ruídos criados pela MP 1.227, que alterava regras de uso de crédito do PIS/Cofins, que foi enviada pelo Ministério da Fazenda na semana passada e devolvida parcialmente pelo Senado na noite dessa terça-feira (11/6).
Ruído político
Para a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, existe uma parcela de cautela do mercado por conta do cenário externo, à espera da divulgação, na tarde desta quarta-feira (12/6), das taxas de juros que serão adotadas pelo Federal Reserve, o banco central norte-americano. A expectativa é de manutenção do intervalo de 5,25% a 5,5%.
“Mas acho que a principal questão do câmbio hoje é interna, por conta do ruído político grande entre governo e Senado, agravado pela devolução da MP 1.227”, disse Cristiane.
Segundo ela, esse ruído “reforça a preocupação do mercado” com o lado fiscal. “O governo está tomando medidas pensando em aumentar a receita e pensamento pouco voltado em diminuir despesas. A aversão ao risco está vindo daí hoje”, afirmou.