Petrobras: preço da gasolina seguiu no limite do mercado, diz Itaú BBA
Ao anunciar redução de R$ 0,14 na gasolina, Petrobras escolheu preço ainda dentro dos limites vistos na última semana, afirmam analistas
atualizado
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O corte de R$ 0,14 da Petrobras no preço médio da gasolina em suas refinarias fez a companhia chegar ao “extremo inferior” do espectro de preços, mas sem fugir, por ora, da linha de valores vistos no mercado na última semana.
O Itaú BBA usou como base o preço de paridade de exportação (uma proxy, no termo técnico, para o “valor marginal” do insumo que a Petrobras vende sob a nova política de preços).
Esse valor ficou em R$ 2,52/litro “por vários dias na última semana”, explicou o Itaú BBA em relatório a clientes, “o que casa exatamente com o novo preço da gasolina da Petrobras”.
A Petrobras reduziu de R$ 2,66 para R$ 2,52 o preço médio da gasolina vendida em suas refinarias, com validade a partir deste sábado (1º/7).
“Isso reforça nosso entendimento de que a empresa pode estar explorando o limite inferior da atual faixa de preço da gasolina desde o primeiro dia da nova estratégia comercial atual, conforme nossas estimativas”, afirmaram os analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello.
O banco trata a questão como “estimativa” porque, desde que divulgou a mudança na política de preços, a Petrobras não deu detalhes sobre como os novos valores são calculados, o que gerou críticas sobre falta de transparência. A estatal se limitou a dizer que os preços internacionais serão uma das bases de cálculo, mas sem repassar a “volatilidade” do mercado aos clientes.
O Itaú BBA acredita que a empresa “provavelmente” olha para um período um pouco mais longo de tendência de preços recentes na hora de definir o ajuste, o que explica a chegada ao limite inferior de R$ 2,52.
“Isso corrobora a afirmação da empresa de que evita transferir a volatilidade dos preços internacionais e das taxas de câmbio para os consumidores”, escreveram os analistas.
Volta dos tributos federais
É consenso no mercado que a decisão da Petrobras de cortar os preços ao máximo possível nesta semana veio após a volta da alíquota completa dos impostos federais sobre combustíveis, que estavam total ou parcialmente isentos desde o ano passado.
A movimentação fez a ação preferencial da estatal (PETR4) cair 4,8% no pregão de sexta-feira (30/6).
Em relatório, os analistas do Itaú BBA também ressaltam que, apesar do corte anunciado nesta semana, a Petrobras se beneficiará do fim de um imposto de 9% sobre exportação de combustível.
O imposto havia sido instituído provisoriamente pelo governo para bancar a isenção parcial dos impostos federais durante quatro meses. Com a volta da alíquota completa, o imposto de exportação também terminou, como já era planejado pelo Planalto ao deixar a Medida Provisória sobre o tema caducar no Congresso.
Política de preços da Petrobras
Antes de mudar sua política de preços, a Petrobras seguia o chamado PPI, com base no preço de paridade de importação (e não de exportação, como estimam agora os analistas).
Se fosse seguir plenamente o PPI, a Petrobras já estaria, mesmo antes do novo corte, com preço defasado em 11% na gasolina, segundo a Abicom, associação de importadores.
A nova gestão da petroleira, escolhida pelo governo Lula, argumenta que o antigo PPI não fazia sentido pois quase 80% da gasolina consumida no Brasil vem de refinarias locais, não devendo, na visão do governo, ser levados em conta custos com importação em dólar e frete marítimo.
A Petrobras promoveu três cortes no preço da gasolina desde a mudança na política de preços.
Além de decisões políticas, o ímpeto de baratear os combustíveis visto na nova gestão da petroleira tem sido ajudado por uma queda nos preços internacionais do petróleo. O barril, que chegou ao patamar de US$ 130 durante o início da guerra na Ucrânia em 2022, nunca mais voltou a esses patamares. O barril do tipo Brent, usado como referência pela Petrobras, é cotado neste sábado a pouco mais de US$ 75.