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Petrobras não precisa seguir PPI para ter lucro, diz Prates

Presidente da Petrobras participou de audiência no Senado nesta manhã. Estatal reajustou preço de diesel e gasolina pela primeira vez no ano

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Imagem colorida de Jean Paul Prates, sentado em uma mesa e de terno, em parede com logotipo da Petrobras - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Jean Paul Prates, sentado em uma mesa e de terno, em parede com logotipo da Petrobras - Metrópoles - Foto: Reprodução

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a companhia “não precisa” praticar o preço de paridade de importação (o chamado PPI) para ter lucro e que os reajustes praticados na véspera estão em linha com a sustentabilidade financeira da empresa.

Prates falou sobre a política de preços da estatal em audiência pública nesta quarta-feira (16/8), convocada pelas comissões de Infraestrutura e Desenvolvimento do Senado.

A participação de Prates ocorre no mesmo dia em que entram em vigor os reajustes de diesel e gasolina nas refinarias da Petrobras. Os aumentos, anunciados na terça-feira (17/8), foram os primeiros da gestão Prates e do governo Lula.

“Não adianta dizer que a Petrobras ontem ajustou e mesmo assim ficou defasada. Esse preço de referência não são os que a Petrobras pratica e não são os preços que a Petrobras precisa praticar para ter lucro”, disse Prates aos senadores.

A Petrobras vinha sendo pressionada a reajustar seus preços diante da alta internacional do petróleo. Pelos cálculos do setor, como mostrou o Metrópoles, o novo preço da Petrobras segue até 11% abaixo do preço de importação praticado nos portos.

Prates defendeu, no entanto, que a diferença não significa um subsídio e que a Petrobras tem vantagens competitivas que lhe possibilitam praticar um preço menor.

“PPI é a maior estupidez que um país pode praticar não sendo importador de petróleo”, disse. “Todos os governos praticaram um preço diferente do PPI.”

Nova política tem “40 mil variáveis”

Aos senadores, Prates disse que a nova política de preços, usada desde maio em substituição ao PPI estabelecido no governo Michel Temer, usa milhares de variáveis e que a empresa “não está perdendo dinheiro”. A fala fez as ações da Petrobras dispararem na bolsa no pregão desta quarta-feira.

“O modelo que estamos usando hoje para política de preços envolve 40 mil variáveis”, disse Prates.

“Onde o cliente estiver é possível a gente fazer a simulação de qual é o melhor modal, qual é o melhor óleo para colocar na refinaria mais próxima […] e depois qual é o melhor caminho para chegar em qualquer lugar do país. A Petrobras tem esse modelo, desenvolvido há décadas, e é para ser usado.”

A Petrobras não divulga a fórmula na qual se baseia para definir seus preços desde a extinção do PPI. A estatal afirma que o modelo segue acompanhando os preços internacionais do barril e que leva em conta outros fatores, como parte do refino feito nacionalmente.

Na audiência nesta manhã, Prates se limitou a dizer que o preço da Petrobras busca ficar em um “túnel” entre o “valor marginal e o custo alternativo ao cliente”. O presidente da estatal disse que junho e julho tiveram “volatilidade intensa” com a alta no barril de petróleo e que a empresa não repassa todas as alterações imediatamente.

Déficit de refino não preocupa, diz Prates

Na fala aos senadores, Prates reconheceu que o país não é autossuficiente em refino de derivados como diesel e gasolina, mas classificou a atual necessidade de importação, entre 25% e 30% do que é consumido, como “confortável”.

Nos últimos dias, com o preço da Petrobras cerca de um terço abaixo do preço de importação, importadores alegaram que poderia haver falta de insumo no mercado interno. Essa é uma das principais críticas do setor privado quando a Petrobras se descola do preço de importação. A Petrobras negou risco de desabastecimento.

“Até para importar a Petrobras tem vantagem competitiva”, disse Prates, que defendeu que a petroleira tem frota própria e opção de retornar com o mesmo navio que usou para exportar óleo bruto, vantagens que as importadoras privadas não possuem, segundo o executivo.

Analistas de mercado notaram que Petrobras ampliou a importação própria dos insumos para complementar estoques, segundo dados do último trimestre.

Prates, que foi ex-senador pelo PT do Rio Grande do Norte, também afirmou que a Petrobras tem utilizado em capacidade quase máxima suas refinarias. Segundo ele, isso não vinha sendo feito em governos anteriores de forma deliberada, para abrir espaço aos importadores privados.

“Igualar-se ao preço do importador é se igualar ao preço do concorrente mais ineficiente que você tem”, disse Prates. “Ele não refina aqui, não produz aqui, não tem plataforma aqui. Ele simplesmente importa e ganha uma comissão. Esse PPI interessava aos importadores”, disse.

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