Petrobras muda plano estratégico e reverte diretrizes da era Bolsonaro
Conselho da Petrobras incluiu como frentes estratégicas até 2028 investimentos em refino e projetos de baixo carbono
atualizado
Compartilhar notícia
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou revisão do plano estratégico da companhia, que inclui as prioridades para o período entre 2024 e 2028.
Os novos direcionadores do plano foram divulgados ao mercado na manhã desta quinta-feira (1/6). O conselho aprovou as mudanças em reunião na noite anterior.
Os conselheiros sinalizaram a volta de investimentos em frentes para além da extração de óleo bruto. Com isso, a Petrobras oficializou que voltará a incluir o refino na estratégia da empresa.
Uma das principais alterações foi ainda o aumento do teto de investimentos (Capex) em projetos de baixo carbono, que subiu de 6% para 15%. Os produtos incluiriam, segundo o comunicado da companhia, frentes de petroquímicos e fertilizantes (que são derivados do petróleo).
A Petrobras afirmou que vai “maximizar a captura de valor pela adequação e aprimoramento do nosso parque industrial e da cadeia de abastecimento e logística, buscar a autossuficiência em derivados, com integração vertical, processos mais eficientes, aprimoramento de produtos existentes e desenvolvimento de novos produtos em direção a um mercado de baixo carbono.”
Volta ao refino
As movimentações diferem da diretriz que vinha guiando a empresa desde o governo Michel Temer e que foram mantidas no governo Jair Bolsonaro.
Nos últimos anos, a companhia mantinha foco sobretudo na extração de petróleo bruto, com resultados recorde no pré-sal. Enquanto isso, o plano de desinvestimento da estatal desde 2016 previa a venda das refinarias da Petrobras.
As refinarias são responsáveis por transformar o petróleo bruto em derivados como gasolina e diesel. A Petrobras informou que um objetivo é buscar a “autossuficiência” em derivados.
Em suas primeiras entrevistas no cargo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates — indicado no governo Lula —, já havia informado que a Petrobras “disputaria cada metro cúbico” de Petróleo e que a União, acionista controlador da estatal, não desejava vender novas refinarias.
Neste ano, o conselho, que já conta com os novos indicados da União no governo Lula, também aprovou a mudança na política de preços que espelhava o preço dos importadores.
Petrobras diz que mudança é passo na “trajetória de transformação”
Em nota, a Petrobras informou que as mudanças e o investimento na transição para energia de baixo carbono estão alinhados “às práticas de governança vigentes, ao compromisso com a geração de valor e à sustentabilidade financeira de longo prazo da Companhia”.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que esse é “um passo importante na trajetória de transformação da Petrobras”.
Com as mudanças, a carteira de projetos e mais detalhes serão levados a aprovação em novembro, quando a petroleira divulga a edição completa do plano.