Petrobras deve distribuir até R$ 21 bi em dividendos, estima Ineep
Valor a ser distribuído será divulgado no balanço da quinta-feira. A Petrobras anunciou novas regras para seus dividendos na última semana
atualizado
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Após mudar sua política de dividendos, a Petrobras pode distribuir entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões em remuneração a acionistas referente ao segundo trimestre, de acordo com estimativa do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
O valor oficial será divulgado pela estatal junto com seus resultados do trimestre, na próxima quinta-feira (3/8).
Em novas projeções para o balanço da Petrobras, o Ineep também estimou que o lucro líquido pode ficar em R$ 23,5 bilhões (o que equivaleria a queda de 38% em relação ao trimestre anterior) e a receita de vendas, em R$ 114,8 bilhões (queda de 17%).
Na última sexta-feira (29/7), a Petrobras divulgou sua nova política de dividendos, reduzindo de 60% para 45% a fatia do fluxo de caixa livre que será destinada à remuneração de acionistas. A mudança foi aprovada pelo conselho de administração da estatal.
A alteração na política era esperada na nova gestão da estatal, após o montante recorde de dividendos distribuído no ano passado ser criticado pelo presidente Lula.
Apesar da redução, as novas regras para dividendos da Petrobras vieram acima do esperado pelo mercado. A notícia ajudou a ação da estatal a subir mais de 3% na segunda-feira (31/7), primeiro pregão completo após o anúncio.
Dividendos refletem preço menor do petróleo
Embora maior do que o esperado, é dado como certo que o valor dos dividendos da Petrobras no segundo trimestre tende a ficar abaixo dos R$ 87,8 bilhões que foram distribuídos no mesmo período de 2022.
Além da mudança nas regras, a queda reflete um momento diferente das petroleiras neste ano, diz o Ineep. No ano passado, a Petrobras se beneficiou de cenário com petróleo mais caro, diante do início da guerra na Ucrânia.
Na comparação anual, os preços médios de derivados do petróleo caíram 27,5%, afirma o Ineep.
Respondendo a essa movimentação e com menor repasse de preços no mercado interno, a margem de lucro líquido da Petrobras caiu 12 pontos percentuais (p.p.) na comparação com o mesmo período de 2022, de 32% para 20%.
Na outra ponta, a Petrobras é beneficiada por uma manutenção de “baixos custo de produção da companhia, fruto da elevada produtividade do pré-sal”, escrevem os analistas do Ineep.
Após ter reduzido os preços de seus combustíveis no mercado interno, acompanhando as quedas no mercado internacional, a Petrobras tende a ser pressionada, nos próximos meses, a voltar a subir os valores.
O barril do tipo Brent, que começou junho pouco acima dos US$ 70, voltou ao patamar de US$ 85 no fim de julho. Em comunicado nesta semana, a estatal disse que monitora as movimentações, mas que não há alta prevista por ora. Mais detalhes sobre a estratégia de preços são esperados na conferência de diretores da Petrobras com investidores na sexta-feira (4/8), após a divulgação do balanço.
Quem recebe os dividendos da Petrobras
Do total, quase 37% do montante distribuído em dividendos irá para o governo federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirma o Ineep. Outros 46,3% irão para acionistas não brasileiros e 17,1% para acionistas privados brasileiros.