Pesquisa exclusiva: Será que sua vida vai melhorar em 2023?
Para 71% dos brasileiros a resposta é sim. E esse número é o triplo do registrado na virada de 2020 para 2021, o “réveillon da pandemia”
atualizado
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Sete em cada dez brasileiros – ou melhor, exatos 71% – acreditam que suas vidas vão melhorar em 2023. E esse número nada tem de trivial. Ele é 3,2 vezes maior do que o registrado na passagem de 2020 para 2021, no meio da pandemia, quando o percentual ficou em diminutos 22%. Supera ainda em 2,4 vezes o registrado entre 2021 e 2022, que foi de 29%.
É isso o que mostra uma pesquisa realizada pelo Instituto Travessia, de São Paulo, com exclusividade para o Metrópoles. O levantamento foi feito entre os dias 14 e 15 de dezembro, por meio cerca de mil entrevistas por telefone, com pessoas com idades a partir de 16 anos, em todo o país.
Na definição de Renato Dorgan Filho, sócio e analista do Travessia, os dados mostram uma “explosão de otimismo” no país. “O que vemos é uma mudança muito intensa de humor no que diz respeito ao futuro imediato das pessoas”, diz. “A comparação entre os três últimos anos é impressionante.”
Além do mais, aponta o técnico, aqueles que diziam que suas vidas permaneceriam iguais representavam 44% e 45%, respectivamente, em 2020 e 2021 (veja quadro abaixo). Agora, esse número caiu para 10%. “Parece que a acabou o que podemos chamar de uma sensação de indiferença em relação ao ano seguinte, algo que não propriamente positivo”, afirma Dorgan Filho.
Também diminuiu de forma expressiva, nota o analista, o número de pessoas que previa tempos piores. Ainda que representasse um grupo menor nas sondagens anteriores, agora, ele cai pela metade. Em 2020, a turma dos céticos representava 24% do total de entrevistados. Passou para 16% em 2021 e, agora, não vão além dos 13%.
Quando segmentada por renda, a pesquisa mostra que os mais otimistas se concentram nas faixas de renda mais baixa. Entre os que ganham até dois salários mínimos, 72% acreditam que a vida vai melhorar em 2023. Mas a diferença em relação aos outros grupos não é grande. Esse grupo, entre os que recebem mais de cinco mínimos mensais, é de 69%.
Também não há diferença entre gêneros. No quesito região do país, os mais animados vivem no Sudeste (74%), sendo que os menos empolgados, no Sul (63%) do país. No Nordeste, eles perfazem 69% e, no Norte somado ao Centro-Oeste, 73%.
E o que explica tamanha mudança de espírito? A enquete, em si, não traz elementos que respondam essa pergunta. Mas há hipóteses. Em primeiro lugar, observa Dorgan Filho, entre os três anos analisados, este será o primeiro réveillon sem o que ele chama de a “sombra pesada” da Covid-19, embora ela não tenha se desfeito propriamente. “Mas muda muito a situação”, afirma. “Para muitas pessoas, esse grande alívio da pandemia representou a retomada de suas vidas.”
A situação econômica do país, apesar das incertezas, com juros altos e inflação elevada, também melhorou. “Essa mudança começou a ficar mais nítida em março e ganhou força no segundo semestre”, diz o técnico. “Nesse caso, a situação pode não estar ótima, mas não há dúvidas de que avançou e isso fica evidente em indicadores que refletem queda nas taxas de desemprego e até um ritmo menor de crescimento da inflação.”
Por último, aponta o especialista, o país também passou por um processo de distensão política, com o fim das eleições presidenciais. “Ainda que exista uma grande divisão entre os adeptos de Bolsonaro e Lula, o ruído entre os grupos diminuiu, embora esteja muito longe de desaparecer”, destaca. “O fato é que a tensão está menor e isso conta.”