Pesquisa: brasileiros apontam riscos e vantagens com Lula no poder
Em pesquisa feita para o Metrópoles, brasileiros falam sobre os problemas e os méritos que projetam para o terceiro mandato de Lula
atualizado
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O retorno de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, a partir da posse neste domingo (1/1), em Brasília, tem gerado expectativas distintas nos brasileiros sobre como será o terceiro mandato do petista.
Uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Travessia, com exclusividade para o Metrópoles, aponta quais são os maiores riscos e as principais vantagens para o país com o novo governo, na visão dos eleitores.
Na opinião dos brasileiros, os quatro maiores riscos do governo Lula são, pela ordem, a corrupção (36%), o endividamento público (28%), o aumento da inflação (22%) e a elevação de impostos (21%).
Por outro lado, a lista que reúne as principais vantagens da nova gestão do petista inclui a diminuição da pobreza (42%), a queda do desemprego (23%), o crescimento econômico (21%) e o avanço da educação (18%).
O levantamento foi realizado entre os dias 14 e 15 de dezembro, por meio de mil entrevistas feitas por telefone com pessoas com idades a partir de 16 anos, em todo o país.
Renato Dorgan Filho, sócio do Travessia, nota que as duas avaliações foram feitas a partir de perguntas diferentes (veja abaixo quadros com as respostas completas). Em ambas, a soma dos resultados ultrapassa 100%, pois os entrevistados puderam escolher mais de uma opção entre as respostas.
O especialista aponta que as indicações de riscos foram feitas por uma maioria de oponentes do próximo presidente e vice-versa. Mas não é só. O técnico observa que, em pesquisas qualitativas, feitas a partir de conversas com grupos menores de participantes, há temas que ocupam a intersecção entre adeptos de Lula e opositores, como é caso dos bolsonaristas.
“A corrupção, por exemplo, é uma preocupação que abarca tanto os eleitores de Bolsonaro como principalmente parte dos que fizeram voto útil em Lula”, diz. “Em contrapartida, nem todos que se impressionam com a pobreza e o desemprego estão mais à esquerda, embora esses dois polos ideológicos ainda estejam muito isolados.”
Em outra pergunta da sondagem, os participantes foram questionados sobre o que esperam que aconteça com o país após a posse de Lula, neste domingo. Nesse caso, 50% apontaram que a situação vai melhorar, 10% disseram que ela não vai mudar, 33% esperam que piore e 7% não souberam ou não quiseram responder.
E aqui, observa Dorgan Filho, a enquete reproduz com razoável fidelidade o resultado das urnas, abertas em novembro. “Se unirmos os pessimistas, os céticos e parte daqueles que não responderam à sondagem, teremos quase a metade do eleitorado”, observa o analista. “Isso resultaria em uma vitória apertada de Lula, exatamente como vimos nas eleições.” (veja quadro abaixo)
Prioridades
A mesma pesquisa também apresentou cinco temas aos entrevistados, e pediu que atribuíssem uma nota de zero a dez a cada um deles, para definir o que deveria ser prioridade para o novo governo Lula.
No que depender da população, o presidente petista deve atuar prioritariamente em três fronts: educação, emprego e saúde.
A educação obteve a maior pontuação, com 8,5. Foi seguida de perto pelos tópicos emprego (8,4) e saúde (8,3). Um pouco atrás vieram segurança (8,1) e meio ambiente (7,9).
Na avaliação de Renato Dorgan Filho, a liderança da educação não algo é trivial. “Normalmente, é a saúde que fica em primeiro lugar nesse tipo de sondagem”, diz.
E foi exatamente isso que o ocorreu em outra pesquisa realizada pelo mesmo instituto, mas na passagem de 2021 para 2022. Na ocasião, sob o ponto de vista dos cidadãos, a saúde deveria ocupar o topo das prioridades do poder público.
Para o analista do instituto, a virada da educação neste ano pode ser resultado de dois fatores. Um deles é o realce que o tema ganhou desde o início da pandemia, com a interrupção das aulas presenciais.
“Muitas consequências dessa parada brusca, como problemas de aprendizado e até de relacionamento entre as crianças, estão ficando mais nítidos agora”, afirma o especialista. “E isso assusta.”
A outra possibilidade diz respeito à memória recente do processo eleitoral. “Embora a campanha presidencial tenha sido polarizada demais e poucos assuntos tenham entrado em debate, a educação era uma das principais bandeiras de alguns candidatos”, diz o analista.
“De qualquer forma, não deixa de ser uma boa novidade ver a população colocar um tema tão importante em destaque”, completa.