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Pela 2ª reunião seguida, Fed mantém taxa de juros inalterada nos EUA

Em decisão esperada, juros básicos dos EUA permanecem em um intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano, o maior patamar em mais de duas décadas

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1 de 1 Imagem colorida do escudo do Federal Reserve, o Banco Central dos EUA - Metrópoles - Foto: Alex Wong/Getty Images

Confirmando as expectativas da maioria dos analistas, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) decidiu manter inalterada a taxa básica de juros da economia americana. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (1º/11) pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).

Com isso, os juros básicos permanecem em um intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano, o maior patamar em 22 anos.

Na última reunião do Fomc, em setembro, a taxa de juros já havia sido mantida nessa faixa. No encontro anterior, em julho, o Fed aumentou os juros em 0,25 ponto percentual.

No mês anterior, o comitê havia feito uma pausa no aperto monetário, mas indicando que novas altas poderiam vir na sequência. Antes de interromper o ciclo de alta dos juros, em junho, o Fed aumentou a taxa 10 vezes consecutivas, a partir de março de 2022.

Nas últimas 14 reuniões do Fomc, contando a desta quarta, houve elevação dos juros em 11 e manutenção da taxa em três.

“O sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Condições financeiras e de crédito mais restritivas para famílias e empresas deverão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação. A extensão desses efeitos permanece incerta. O comitê permanece muito atento aos riscos de inflação”, diz a autoridade monetária americana no comunicado que acompanha a decisão.

“Ao determinar a extensão do reforço adicional da política que pode ser apropriado para fazer regressar a inflação a 2% ao longo do tempo, o comitê terá em conta o aperto cumulativo da política monetária, as defasagens com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação, e os fatores econômicos e financeiros”, prossegue o comunicado do Fed.

“O comitê está preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos do comitê. As avaliações do comitê terão em conta uma vasta gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.”

Inflação nos EUA

A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação.

Dados divulgados pelo Departamento do Trabalho do governo americano mostram que a inflação no país foi de 3,7% em setembro, na comparação anual, mesmo índice do mês anterior. O resultado veio em linha com as estimativas do mercado. A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano.

A expectativa do mercado era que o Fed mantivesse os juros inalterados, mas um novo aumento de 0,25 ponto percentual é considerado quase certo para o último encontro do colegiado no ano, em dezembro.

Análise

A decisão de manter os juros básicos da economia americana no patamar entre 5,25% e 5,5% ao ano já era esperada pelo mercado financeiro. A dúvida, a partir de agora, é o que fará o Fed na próxima reunião do Fomc, em dezembro, a última do ano.

“Acreditamos que o Fed finalizou ou está prestes a finalizar o ciclo de aperto monetário. Isso porque vislumbramos que grande parte do aperto realizado ainda não se materializou na atividade econômica ou tem sido mascarado por outros fatores, o que não deve se repetir na mesma magnitude em 2024. Nesse sentido, o Fed colherá os frutos do aperto realizado ao longo de 2024, o que poderá propiciar condições para reversão do processo, provavelmente no final do próximo ano”, afirma o economista Rafael Cardoso, da Daycoval Asset.

Para Dierson Richetti, da GT Capital, não havia “nenhum motivo para o Fed aumentar ou reduzir a taxa de juros”. “A inflação americana está mais bem controlada, ela tem se mantido estável, sem subir ou cair muito. Enquanto a economia americana não der sinais de uma desinflação mais forte, o Fed não fará nenhum movimento mais brusco”, avalia.

Segundo André Galhardo, da Remessa Online, a decisão do Fed se deve, em grande parte, ao “comportamento das taxas de juros de longo prazo” nos EUA. “Se as taxas de juros dos títulos de 10 anos estão subindo mais que o esperado, devem cumprir o papel que as taxas de juros de curto prazo cumpririam. Elas exercerão o mesmo impacto sobre o mercado de crédito e a atividade econômica que exerceria um aumento das taxas de curto prazo”, diz.

“Além disso, há a questão fiscal. A dívida pública americana tem batido sucessivos recordes nos últimos meses. Quanto mais alta a taxa de juros, maior o desembolso do Estado com o pagamento de juros daqueles que detêm os títulos públicos”, conclui Galhardo.

Bom para o Brasil

Segundo especialistas do mercado, a pausa do Fed no aperto monetário é uma boa notícia para o Brasil.

Um dos principais efeitos da alta na taxa de juros nos EUA se dá sobre os ativos brasileiros, que se tornam menos atraentes para os investidores. Na prática, a elevação dos juros nos EUA incentiva a aplicação em papéis no Tesouro americano, que são considerados mais seguros. A aplicação em países de economia emergente, como o Brasil, é apontada como de maior risco por causa da instabilidade desses mercados. Com menos capital disponível, a chance de que as ações de empresas listadas na Bolsa brasileira sejam negociadas fica ainda menor.

Em linhas gerais, quando os juros sobem, os títulos emitidos pelo Tesouro dos EUA – que normalmente já seriam mais atraentes para os investidores – se tornam ainda mais vantajosos, o que gera um fluxo de investimento maior em sua direção.

O câmbio também é atingido quando os juros americanos sobem. O maior volume de investimento nos EUA leva à valorização do dólar em relação a outras moedas, especialmente aquelas dos países emergentes. Se os investidores procuram outros mercados, a moeda americana entra no Brasil em menor quantidade; mais escassa, seu valor sobre o real sobe.

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