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Para mercado, taxa de juros só volta a cair no Brasil em 2026

Analistas consideram que ciclo de alta da Selic continuará no primeiro semestre de 2025 e, só a partir daí, inflação pode ceder rumo à meta

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1 de 1 Imagem colorida de dado de madeira escrito Selic, que é a taxa básica de juros do Brasil - Metrópoles - Foto: Getty Images

Os analistas do mercado não acreditam em uma queda da taxa básica de juros do Brasil, a Selic, tão cedo. Para boa parte desses especialistas, se mantida a atual conjuntura, uma eventual redução da Selic só deve ocorrer em 2026.

Isso porque, advertem os técnicos, o ciclo de alta de juros deve ser mantido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), até meados de 2025. Só depois disso, ou seja, no segundo semestre do ano que vem, a política monetária contracionista deve surtir o efeito desejado e a inflação pode começar a convergir para a meta, fixada em 3% ao ano.

Essa é, por exemplo, a avaliação de Rafael Cardoso, economista-chefe do Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval. Ele observa que existe a possibilidade de um corte da taxa ocorrer antes de 2026, mas, no momento, tal perspectiva não é mais que remota.

“Isso pode acontecer, por exemplo, se houver uma desaceleração econômica mais forte do que a imaginada”, diz Cardoso. “Nesse caso, pode ser que o BC encontre espaço para cortar juros antes de 2026, mas hoje é difícil imaginar algum fator que provoque essa desaceleração do crescimento.”

Pacote fiscal

Avaliação semelhante foi feita por Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos. Em análise divulgada na terça-feira (10/12), ele mencionou que o balanço de riscos da economia piorou desde a penúltima reunião do Copom, em novembro, até a última, realizada nesta quarta-feira (11/12).

“O pessimismo crescente do mercado com a política fiscal continuou a gerar impactos relevantes sobre os preços dos ativos e as expectativas”, disse Goldenstein. “O esperado anúncio do pacote fiscal poderia representar um ponto de inflexão, mas acabou gerando o efeito contrário, afetando negativamente os ativos domésticos.”

Balanço de riscos

Desse modo, nota o técnico, a queda dos juros ainda em 2025 é uma possibilidade ainda pouco nítida. “De modo a abrir espaço para a convergência da inflação à meta, não vemos espaço para cortes da Selic ao longo próximo ano”, afirma o economista, ressaltando: “A não ser que ocorra uma melhora substancial do balanço de riscos”.

Goldenstein destacou que o cenário traçado pela corretora “já incorpora uma desaceleração mais forte da atividade, com crescimento do PIB em 2025 abaixo dos 2% da mediana do Focus, tendo em vista principalmente o menor impulso fiscal, o aperto monetário, as condições financeiras mais restritivas e o arrefecimento do ciclo de crédito”.

Aumento da Selic

Sobre a decisão do BC de aumentar a Selic em 1 ponto percentual, elevando os juros para 12,25% ano ano, na quarta-feira (11/12), Cardoso, do Daycoval, definiu a medida como “dura”, principalmente se considerada a sinalização dada pelo BC de que fará mais duas elevações da mesma magnitude em 2025. Com isso, a Selic irá para pelo menos 14,25% em 2025.

Para o economista, ainda assim, esses 14,25% não serão suficientes para levar a inflação para a meta de 3%, até o segundo trimestre de 2026, o atual horizonte relevante de política monetária. Ou seja, o principal alvo do BC. Para Cardoso, os juros terão de ir a 14,75% para atingir tal objetivo.

O economista nota também que o Copom indicou os fatores que justificaram a alta de 1 ponto e e todos estão relacionados à piora de “fundamentos importantes”. “Eles incluem a atividade econômica mais forte, o câmbio mais depreciado e maiores riscos fiscais”, diz.

O analista frisou, no entanto, que tanto a elevação da taxa como o comunicado que a justificou “minimizam a incerteza de mudança da política monetária, pelo menos no curto prazo”. Para ele, isso é importante num momento em que o BC está prestes a passar por mudanças relevantes.

Em 2025, o economista Gabriel Galípolo assume a presidência do Banco Central, substituindo Roberto Campos Neto. A partir do próximo ano, a diretoria do órgão também terá pela primeira vez uma maioria formada por técnicos indicados pelo atual governo. Cardoso nota que, ao antever mais dois aumentos de 1 ponto percentual da Selic no próximo ano, o Copom “mostra comprometimento para ancorar expectativas de inflação”.

Isso reduz em grande medida a possibilidade de uma postura leniente do Copom com a inflação, um temor antigo dos analistas de mercado.

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