Para Goldman Sachs, crédito deteriorou no Brasil e situação vai piorar
Cenário atual é resultado do endividamento do consumidor, taxas elevadas de juros, queda da atividade real e problemas com empresas
atualizado
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A qualidade do crédito está deteriorando no Brasil e as perspectivas são de agravamento desse cenário nos próximos meses. Tal diagnóstico é do banco Goldman Sachs e está presente em um relatório divulgado nesta quarta-feira (29/3), assinado pelos analistas Alberto Ramos e Renan Muta.
De acordo com o estudo, as operações em atraso há 90 dias (ou mais) nas linhas de crédito livre (nos quais as taxas são negociadas entre bancos e clientes) passaram de 3,1%, em dezembro de 2021, para 4,5%, em fevereiro.
A inadimplência no crédito pessoal manteve-se estável em 6,1%, mas acima dos 4,4% observados no fim de 2021. No caso corporativo, ela também piorou. Nesse período, foi de 1,5% para 2,4%.
Diante desses números, dizem os analistas no relatório: “Esperamos que as condições de crédito se tornem mais difíceis nos próximos meses devido ao alto nível de endividamento do consumidor, taxas elevadas, perspectiva de abrandamento da atividade real e o surgimento recente de várias situações de dificuldade de crédito corporativo”.
No caso dessas “situações recentes”, embora o banco não cite o episódio, a concessão de empréstimos passou a sofrer maiores restrições após o rombo de R$ 20 bilhões anunciado na Americanas, em janeiro, cujas dívidas somam mais de R$ 40 bilhões.
Além disso, mostra o Goldman Sachs, em termos reais, o avanço do crédito dos bancos privados (nacionais e estrangeiros) diminuiu para 5,8% em fevereiro, contra 7,3% em janeiro. No caso dos bancos públicos, porém, ele se manteve estável. Ficou em 7,8%, no mês passado, ante 7,7%, em janeiro.